Empreiteiro que citou Temer desiste de delação
José Antunes Sobrinho, um dos donos da empreiteira Engevix, decidiu interromper a negociação de um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. Ele havia prometido entregar provas do pagamento de R$ 1 milhão a um interlocutor do presidente interino, Michel Temer, como forma de agradecimento pela participação em contrato de R$ 162 milhões da Eletronuclear, referente à usina de Angra 3.
Publicado 20/06/2016 09:40
Mas de acordo com seus advogados, a decisão de suspender a delação foi por conta da absolvição de seu cliente em uma das ações da Lava Jato, por falta de provas de participação em crimes relacionados à Petrobras. No entanto, a absolvição foi em maio, por isso a suspeita de que o abandono das negociações possa ter outras motivações. Os advogados são enfáticos ao dizer que não há chance para retomar o acordo de delação.
O empreiteiro contou ter ido duas vezes ao escritório de Temer no Itaim Bibi, em São Paulo, para tratar de contratos na Eletronuclear. Em ambas, estava acompanhado de um dos donos da empresa Argeplan, o coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, tratado por ele como “pessoa de total confiança de Michel Temer”. O encontro lhe rendeu uma parceria com a AF Consult, que resultou, em 2012, num contrato de R$ 162 milhões na estatal e subcontratou a Engevix para realizar a obra.
Sobrinho disse ter sido cobrado por Lima, a mando de Temer, a pagar R$ 1 milhão de propina pelo negócio. Ele realizou o pagamento por meio de uma fornecedora da Engevix. Com a interrupção da negociação da delação as informações nao poderão ser apuradas.