Ato “Fora Temer” reúne mais de 10 mil pessoas em Fortaleza

Fortaleza se mobilizou mais uma vez para bradar em uníssono: Fora Temer! Organizados pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo representantes de diversas frentes dos movimentos sociais, centrais sindicais, partidos políticos, trabalhadores do campo e da cidade se somaram às manifestações populares realizadas em todo o país nesta sexta-feira (10/06), no Dia Nacional de Mobilização e Paralisação.

Ato “Fora Temer” reúne mais de 10 mil pessoas em Fortaleza

A unidade popular e o entusiasmo marcaram o ato contra o governo interino de Michel Temer (PMDB). Cerca de 10 mil pessoas entre mulheres, estudantes, jovens, sindicalistas, parlamentares, trabalhadores e sociedade organizada cearense se uniram para enfrentar, nas ruas, os golpistas. Teve forró, com sanfona, zabumba e triângulo; teve batucada com a juventude; teve toré, dança típica dos povos indígenas e teve muita consciência política. E tem luta!

De novidade, fora a convicção de que o que está em curso no Brasil é um golpe, o trajeto da manifestação, que desta vez foi realizada na Aldeota, área nobre da cidade. Esta foi a primeira mobilização nacional após o afastamento da presidenta Dilma Rousseff e sob o governo interino que, em menos de um mês, já soma a queda três ministros e vê seus líderes envolvidos em escândalos de corrupção.

Francisco de Assis Diniz, presidente estadual do PT-CE, avalia que a dimensão política dá a exata dimensão do papel que tem os movimentos progressistas neste momento. “Temos a obrigação de pautar a construção dessa mobilização. Este dia de manifestações representa o acúmulo e o crescimento da insatisfação do povo contra o golpe. Estamos nas ruas protestando, denunciando e criando uma unidade de ação para combater o consórcio formado por parte da mídia, do judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e do Congresso. Só com mobilização, organização e protestos o conjunto da classe trabalhadora terá dimensão do que está em risco no país”.

O dirigente petista também comentou sobre a escolha do local, que deixou a região do centro de Fortaleza, área de tradicionais manifestações da esquerda, para ocupar as ruas da área nobre da capital cearense. “Os ‘trouxinhas’ estão envergonhados, achavam que cumpriam um papel revolucionário e cívico, mas na verdade impuseram uma grande derrota ao país. Hoje estão envergonhados, escondem as panelas e fazem de conta que não estão vendo as denúncias e escândalos. A vinda para esta parte da cidade é para chamá-los para participar e mostrar que a luta é do povo brasileiro. Não diferenciamos por classe social nem por quem foi a favor ou contra o projeto político nas urnas. O que queremos é reforçar esta unidade em defesa do povo brasileiro”, ratifica.

Luciano Simplício, presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Ceará (CTB-CE) também destacou o novo cenário político para a realização da manifestação. “É o primeiro ato realizado com o governo golpista, que as centrais sindicais não o consideram, pois tomaram o poder através da usurpação. Esta caminhada, além da resistência, é um acumulo de forças. É nosso dever, até a votação do impeachment de Dilma no Senado, denunciar o golpe à população, principalmente a essas pessoas da área nobre da cidade que foram às ruas lutar contra a corrupção. Todos precisam enxergar o que realmente está acontecendo, voltar agora a bater panelas e colocar os grupos nas ruas, pois nunca vimos tanta corrupção. Basta citar os sete ministros nomeados envolvidos na Operação Lava Jato e parte da população está calada. Nós lutamos pela democracia, pelo governo legítimo e conclamamos o povo desta área nobre que se junte a nós”.

Plebiscito

Luís Carlos Paes de Castro, presidente estadual do PCdoB no Ceará, destacou o caráter unitário das manifestações. “Nosso partido sempre esteve e continua na luta em defesa do Brasil, da democracia, dos direitos sociais, dos trabalhadores e do povo. Hoje estamos juntos com as demais forças democráticas e movimentos sociais para exigir o fim do governo ilegítimo e golpista de Temer e o retorno de Dilma”.

O dirigente comunista citou a entrevista da presidenta concedida ao jornalista Luis Nassif e veiculada na TV Brasil na última quinta-feira (09/06) em que ela assume o compromisso de, se absolvida no Senado, convocar plebiscito para que o povo soberana e democraticamente decida se quer a continuidade de seu governo ou a realização de novas eleições. “Esse é o melhor caminho para que a gente possa reunificar a nação em torno de um projeto de desenvolvimento para o país”.

E onde tem manifestação em defesa do país tem juventude. A presidente estadual da UNE no Ceará, Germana Amaral, também destacou a necessidade da realização de uma consulta popular acerca do mandato de Dilma. “Reforçamos as mobilizações na perspectiva de encontrar uma saída para o golpe impetrado no país. Estamos nas ruas para pedir o #ForaTemer mas também para pedir um novo pensar na política. Dilma já sinalizou a necessidade de um plebiscito para que o povo retome sua vontade soberana e achamos que a juventude cumpre papel fundamental neste momento de convencimento da opinião pública. Não aceitamos governo golpista e queremos novos rumos para a política brasileira”, defende.