Inserção de negros aumenta no ensino superior, racismo também
Apesar de insuficiente, o acesso do negro no ensino superior vem aumentando gradativamente, em um país que possui um passado colonizado e escravocrata. Aliás, o Brasil foi o último país liberto americano a abolir a escravidão, registro que reforça o imenso desafio da luta pela igualdade racial.
Por Laís Gouveia
Publicado 15/09/2015 13:34
Segundo dados do IBGE de 2013, a porcentagem de brancos cursando o ensino superior na faixa etária de 18 a 24 anos era de 79%, enquanto a de negros atingia apenas 21%. Apesar da imensa maioria a frequentar a universidade ainda ser branca, se for comparado com os anos 1990, é perceptível a inserção dos negros no mundo acadêmico. Em 1997, apenas 2,2% de pardos e 1,8% de negros, entre 18 e 24 anos, cursavam ou tinham concluído um curso de graduação no Brasil. Parte do aumento desse número é resultado de políticas sociais inclusivas, como a Lei de Cota Para Negros e o ProUni.
Em um espaço historicamente frequentado por brancos, conviver em um ambiente com pessoas negras, infelizmente, no século 21, ainda é motivo de mal-estar para algumas pessoas que vêm praticando atos de racismo contra estudantes e professores.
Professor é atacado na Unesp: “macaco”
O professor de jornalismo da Unesp Bauru, Juarez de Paula Xavier, foi uma recente vítima do racismo. No banheiro da universidade foram encontradas pichações com os dizeres “Juarez Macaco”, “Negras fedem” e “Unesp cheia de macacos fedidos”. Na opinião de Juarez, o ato de racismo “pode ser uma reação aos esforços para multiplicar a presença de outros grupos (negros, mulheres e homossexuais) na universidade”, disse o professor à Agência Brasil.
A universidade criou uma comissão para apurar o ocorrido.
Estudantes de medicina fazem “Black Face” e ironizam inclusão social
Um grupo de estudantes de medicina da UniArara, localizada no interior de São Paulo, durante os jogos universitários, tirou uma foto pintados de negro, no estilo “Black Face”, prática que ganhou popularidade no século 19 no teatro estadunidense. Os atores brancos se pintavam com carvão para representar personagens afrodescendentes de forma pejorativa.
O título da foto era “negritudes”. No Facebook, comentários abaixo da foto reforçavam o racismo. “Negritude” e “inclusão social hahaha”, diziam os estudantes.
Por nota, a direção da UniArara afirmou que rechaça preconceitos na instituição. “A instituição é totalmente contra qualquer forma de preconceito e racismo.”
Projeto na UNB denuncia o racismo presente no espaço acadêmico
Intitulado “Ah branco, dá um tempo!” estudantes da Universidade de Brasília (UNB) criaram uma forma de denunciar o racismo e resistir nos espaços de maioria branca.
O projeto consiste em um site que publica fotos de frases racistas que estudantes negros escutam em seu cotidiano.
A autora do projeto, Lorena Monique dos Santos, considera que o objetivo do projeto é demonstrar que o racismo no Brasil é algo sutil. “Apesar de o racismo ser racismo em qualquer lugar, ele se expressa de diferentes formas de acordo com cada realidade”, afirmou a jovem.
A página do projeto no Facebook já conta com mais de 5 mil curtidas.