Costa se diz arrependido e afirma que corrupção foi culpa dos outros
Quem viu o depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) mista da Petrobras de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, nesta terça-feira (2) em Brasília, poderia jurar se tratar de um daqueles casos de conversão religiosa em que o convertido renega todo o seu passado e diz que foi culpa do diabo.
Publicado 03/12/2014 12:00
Costa, que foi submetido a uma acareação com Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da empresa, se disse “arrependido” e afirmou que sua família o convenceu a fazer a delação premiada.
“Me arrependo amargamente. Infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a diretoria de abastecimento. Estou extremamente arrependido de ter feito isso. Se tivesse a oportunidade de fazê-lo, não faria novamente. Aceitei esse cargo e ele me faz estar aqui onde estou hoje”, declarou o santo Costa. Ele ainda resolveu tecer opiniões sobre a corrupção brasileira e com dedo em riste disse que todas as obras existentes no Brasil são feitas na base da corrupção.
Reais motivos
Mas no decorrer do depoimento evidenciou os reais motivos de sua delação. “Quem me colocou com clareza para eu fazer a delação foi minha esposa, minha filha, meus genros e meus netos. Falaram pra mim: ‘Paulo, por que só você? E os outros? Cadê os outros? Você vai pagar sozinho?’”, contou ele, afirmando que o esquema na estatal estava o "enojando”. No entanto o enjoo de Costa não o levou a interromper seus esquemas, que só aconteceu depois de ter sido preso na operação da Polícia Federal.
Aliás, vale ressaltar que ao aceitar a delação e devolver os recursos obtidos ilegalmente, Costa é premiado com a redução da sua pena e pode escapar da prisão. Além disso, alguns membros de sua família também são investigados por crimes de formação de organização criminosa e obstrução das investigações. Isso porque as filhas e os genros retiraram diversos documentos da empresa de Costa, no Rio de Janeiro. Eles foram flagrados pelas câmeras de segurança do edifício, que mostra os quatro entrando e saindo do prédio várias vezes, com sacolas e mochilas. Por isso, muito pouco resta de arrependimento nas afirmações de Costa.
Quem mais
Indagado por parlamentares, Costa disse que não responderia às perguntas sobre nomes ou detalhes de seu esquema por conta da delação premiada, que determina sigilo. “Não tem nada da delação que eu falei que eu não confirme. A delação é um instrumento sério. Não pode ser usado de artifício, mentira, coisa que não seja possível de, à frente, confirmar”, declarou ele, afirmando que foram 80 depoimentos em mais de duas semanas de delação. “Vários fatos foram apresentados, e os que não foram apresentados eu indiquei quem poderia falar sobre os fatos”, completou.
Sobre os políticos envolvidos, Costa se limitou a dizer se tratar “algumas dezenas”, sem detalhar já que ele não pode citar nomes por conta do foro privilegiado que estão sendo investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
No entanto, segundo o jornal O Globo, em duas conversas em separado com dois parlamentares, após o fim da sessão, Costa teria dito: “O senhor achou que eu colaborei?”, depois disse que na delação foram citados 35 políticos.
Da Redação do Portal Vermelho
Com informações de O Globo