Andrei Fedyachin: “Problema nuclear” do Irã será discutido em Omã
A próxima 11ª ronda de negociações do sexteto com Teerã sobre “o problema nuclear iraniano” será, pelo visto, realizada em dezembro em Omã. É que nas conversações mais recentes, realizadas em 23 e 24 de novembro em Viena, não se conseguiu um acordo de regularização, sendo necessário continuar o processo negocial até 30 de junho de 2015.
Por Andrei Fedyachin*, na Voz da Rússia
Publicado 25/11/2014 19:16
Os participantes das negociações – a Rússia, os EUA, a China, o Reino Unido, a França, a Alemanha, a União Europeia e o Irã – tinham apontado o 24 de novembro como a data-limite para a conclusão do acordo final.
Após a última rodada, o primeiro a entrar em contato telefônico com Vladimir Putin foi o presidente iraniano, Hassan Rohani. Segundo uma fonte do Kremlin, ele prometeu que o pretendido acordo com o sexteto será alcançado apesar de as partes não terem logrado uma solução consensual em Viena. Todavia, Teerã se dispõe a corrigir a situação dentro de 3-4 meses e não daqui a seis meses conforme se previa.
Há já 11 anos que o processo de regularização do problema nuclear iraniano está “em marcha de caracol”. E se as conversações iniciadas em 2003 não tinham fracassado até hoje, isto se pode qualificar como um êxito.
A ronda de Viena “malogrou” em duas questões: a agenda de levantamento das sanções (Teerã insiste no seu cancelamento imediato, o Ocidente se manifesta por uma abolição gradual) e a quantidade de centrífugas ao dispor do Irã.
O MRE da Rússia aconselha a não dramatizar a situação devido à necessidade de prosseguir as discussões. O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, asseverou que “em Viena foi cumprida uma parte de leão do programa previsto, restando agora apenas reajustar os detalhes técnicos”.
A atitude da Rússia para com a questão iraniana sempre foi coerente e ponderada. Há uns anos, Moscou propôs retirar uma parte do urânio iraniano, transportando-a para a Rússia para evitar eventuais imprevistos, mal-entendidos e suspeitas acerca de um “enriquecimento ilegal até a graduação militar”. Serguei Lavrov se mostrou em Viena por uma via de regularização paulatina: levantar uma parte de sanções em resposta aos passos positivos dados por Teerã.
Ao que parece, estas iniciativas são rejeitadas pelo fato de serem formuladas pela Rússia, constata o analista do centro de Problemas de Controle de Armamentos e recursos Energéticos, Anatoli Diyachkov: “É difícil fazer previsões quanto ao futuro das negociações. Seria ótimo se fosse alcançado um convénio até aos finais de abril de 2015. No início de maio, será convocada uma Conferência de Observação no âmbito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Se até maio não for encontrada uma solução, isto irá afetar as resoluções a tomar pelo fórum”.
O acordo de Genebra, celebrado em março de 2013, será prorrogado até março visando a limitação provisória do programa nuclear iraniano e um levantamento parcial das sanções internacionais. Se trata das medidas restritivas impostas ao Irã em 2010. As sanções introduzidas pelos EUA em 1979, embora um tanto abrandadas, ainda não foram levantadas por completo.
*Articulista da emissora de rádio Voz da Rússia