UJS participa do lançamento da campanha “16 dias de Ativismo”
A UJS participou na última quarta-feira (19) da sessão solene de lançamento da campanha “16 dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”. O evento foi promovido pela Procuradoria da Mulher do Senado, presidida pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Publicado 21/11/2014 10:55
A campanha tem como objetivo conscientizar a população sobre os tipos de violência contra as mulheres previstos na Lei Maria da Penha, evidenciar os trabalhos realizados no Poder Executivo e Legislativo, no sentido de aprimorar a lei, e propor ações de enfrentamento à violência, além de ampliar os espaços de debates com a sociedade.
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“É fundamental a participação da União da Juventude Socialista na campanha, pelo fato de ainda hoje vivermos em uma sociedade machista, homofóbica, racista e heteronormativa. Uma em cada quatro brasileiras é vítima de violência sexual e a cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil. As mulheres negras são ainda as que mais sofrem em nossa sociedade, fruto do racismo e do machismo. Temos escolas e universidades que reproduzem toda forma de opressão, os últimos casos da USP mostra que nós precisamos fortalecer e incentivar as denúncias, criar políticas públicas que garantam a ampliação da rede de proteção e combate a violência contra as mulheres”, declara Maria das Neves, dirigente de Jovens Feministas da UJS.
A campanha surgiu em 1991 no Centro de Liderança Global de Mulheres (Center for Women’s Global Leadership – CWGL), e hoje cerca de 150 países fazem parte. Ela começa no dia 25 de novembro, o Dia Internacional de Não Violência Contra as Mulheres, e termina no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
No Brasil, a campanha é realizada desde 2003 e o seu início foi antecipado para o dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, pelo reconhecimento da opressão e discriminação históricas contra a população negra e, especialmente, as mulheres negras brasileiras que são as principais vítimas da violência de gênero.
“Nós temos hoje a Lei Maria da Penha, casas abrigo, e a perspectiva que a presidenta Dilma, no seu próximo mandato, amplie e fortaleça a Casa da Mulher Brasileira, um importante instrumento de apoio à mulher vítima de violência. Nós ainda temos muitos desafios para enfrentar em relação a violência de gênero, fruto do machismo e do patriarcado, reforçados pelo capitalismo, que impõem às mulheres uma agenda de violência”, afirma Maria.
De acordo com ela é fundamental a participação da juventude nessa campanha, que precisa estar cada vez mais mobilizada, já que no próximo período toma posse o parlamento mais conservador desde 1964. A campanha começa no Dia Nacional da Consciência Negra para dar visibilidade as mulheres negras, que são duplamente vítimas, com o machismo e o racismo, e acaba no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
“O próximo período é fundamental para a defesa dos direitos humanos e do estado laico, é fundamental que a bandeira das mulheres avance, é fundamental defender a reforma política, a reforma dos meios de comunicação, para que haja o empoderamento das mulheres”, defende Maria.
O tema da campanha desse ano é “Você pode cometer muitas violências sem perceber”, e busca alertar para alguns tipos de violência que nem sempre são fáceis de ver ou perceber, como a violência moral, psicológica e patrimonial.
“Machismo mata, e combater a violência contra a mulher é um dever de todas e todos. Precisamos romper com a bandeira do silêncio. Em briga de marido e mulher, nós vamos meter a colher sim”, declara Maria.
Os 16 dias
20 de novembro – O Dia Nacional da Consciência Negra se remete à inserção do negro na sociedade brasileira e sua luta contra a escravidão. Instituído em 1978, a data é uma homenagem ao dia do assassinato de Zumbi dos Palmares, em 1695, ícone da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade. As mulheres negras são as principais vítimas da violência de gênero.
25 de novembro – Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres. No primeiro encontro Feminista da América Latina e Caribe organizado em Bogotá, Colômbia, de 18 a 21 de Julho de 1981, houve uma denúncia sistemática de violência de gênero, desde os castigos domésticos, às violações e torturas sexuais, o estupro, o assédio sexual, a violência pelo governo, incluindo tortura e abuso de mulheres prisioneiras. Este dia foi escolhido para homenagear o violento assassinato das irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa) no dia 25 de Novembro de 1960, pelo ditador Rafael Trujilo, na República Dominicana. Em 1999, as Nações Unidas reconheceram oficialmente o 25 de Novembro como o Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres.
1º de dezembro – O Dia Mundial de Combate à Aids marca o começo de uma campanha anual, com o objetivo de encorajar e receber apoio público no desenvolvimento de programas para prevenir o contágio e a disseminação da infecção do HIV. Também procura proporcionar educação e promover a tomada de consciência sobre as questões sobre HIV/Aids. A primeira campanha foi lançada em 1988, depois da Reunião Mundial dos Ministros de Saúde, que chamou a atenção para um espírito de tolerância social e para uma maior troca de informação sobre HIV/Aids. O Dia Mundial de Combate à Aids serve para fortalecer o esforço global para enfrentar a epidemia da Aids. No mundo inteiro, tem crescido o número de mulheres contaminadas pelo vírus, inclusive como consequência de violência sexual.
6 de dezembro – Dia Nacional da Mobilização de Homens pelo Fim da Violência Contra a Mulher. Laço Branco – Massacre de Mulheres de Montreal (Canadá), símbolo da injustiça contra as mulheres, o massacre de quatorze estudantes da Escola Politécnica de Montreal, Canadá, dia 6 de dezembro de 1989, gerou debate sobre as desigualdades entre homens e mulheres e a violência gerada por esse desequilíbrio social no mundo. Este fato inspirou a criação da Campanha do Laço Branco, mobilização mundial de homens pelo fim da violência contra as mulheres.
10 de dezembro – No dia 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal de Direitos Humanos foi adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em resposta à violência da Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, inúmeros os artigos da declaração fundamentaram inúmeros tratados e dispositivos legais voltados à proteção dos direitos fundamentais. A violência contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos.
Por Dandara Lima, no portal da UJS