Diálogo de paz: Vítimas do conflito colombiano testemunham em Cuba

Doze vítimas do conflito armado colombiano deram seus testemunhos, neste domingo (2), em Havana, aos delegados de paz do governo e da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Este é o quarto grupo de vítimas, do total de cinco, que viaja a Cuba para dar seu depoimento. O objetivo é que suas dramáticas experiências sejam consideradas pelos negociadores na reparação às vítimas, tema em discussão atualmente.

Farc e governo chegam a acordo sobre participação política - Reprodução

Entre as vítimas, estão a jornalista a jornalista Jineth Bedoya, sequestrada e estuprada por paramilitares, e Alberto Tarache, um ex-paramilitar recrutado quando criança. Em um comunicado divulgado durante uma coletiva de imprensa, as vítimas exigiram que o Estado garanta a segurança aos grupos que participam das mesas de discussão.  Da mesma forma, pediram o reconhecimento da diversidade sexual e o respeito aos seus direitos.

A sessão de depoimentos aconteceu no Centro de Convenções de "El Laguito", na capital cubana. Na sessão a portas fechadas, os negociadores de ambas as partes assistiram a um vídeo com o relato do guerrilheiro das Farc Tulio Murillo, que não pôde ir a Cuba com as outras 11 vítimas porque está preso na Colômbia.

Humberto de la Calle, representante do governo nas conversações de paz, sublinhou em uma declaração que este encontro serviu para ter uma visão da crueldade da guerra que assola o país há várias décadas.

"Conhecemos pela primeira vez como o conflito aconteceu para os jornalistas, homens, mulheres, entre outros atores da sociedade e todos eles compartilham a dor que deixou esta guerra", disse ele.

O conflito armado da Colômbia deixou, em 50 anos, 220.000 mortos, em sua maioria civis, e 5,3 milhões de deslocados, segundo números oficiais.

Santos busca apoio internacional para o processo de paz

Juan Manuel Santos iniciou uma viagem pela Europa nesta segunda-feira (3). O presidente colombiano chegou em Madri, onde pretende arrecadar apoio político para o processo de paz com as Farc. No palácio de La Mancloa, sede do governo espanhol, ele se reuniu com seu homólogo Mariano Rajoy e, posteriormente, almoçou com o rei Felipe.

A visita do chefe de Estado colombiano se produz quatro dias depois que as Farc admitiram sua parcela de responsabilidade no dano causado à população civil durante todo o período de conflito. Segundo Santos, este gesto prova que “as negociações estão sendo levadas a sério”.

O ministério de Assuntos Exteriores da Espanha indicou que o objetivo fundamental do encontro foi retomar o apoio à paz na Colômbia e discutir vias de participação e ajuda financeira em um eventual cenário de pós-conflito.

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho,
Com informações da Prensa Latina, AFP e do jornal El País