Vicente Vuolo: Candidatos, respeitem o eleitor!
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal aprovou, em decisão terminativa no último dia 2, substitutivo a projeto de lei (PLS 60/2012) da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) proibindo doações de empresas em dinheiro, ou por meio de publicidade, a candidatos e partidos políticos. A decisão seguirá diretamente para a discussão na Câmara dos Deputados, exceto se algum senador apresentar recurso pedindo votação da matéria em Plenário.
Por Vicente Vuolo*
Publicado 25/04/2014 12:07
É importante ressaltar que o Senado Federal e o Supremo Tribunal Federal seguem a mesma linha. O objetivo de ambos os poderes da República é dar uma resposta à sociedade, que cobra mais transparência e ética na política.
É um avanço, sim! Mas existe resistência daqueles que foram acostumados a gastar fortunas para se eleger. Como é possível que alguns candidatos tenham aviões à disposição para viajar a qualquer hora? De onde vem o dinheiro para bancar essa mordomia? A população precisa saber? Como um candidato consegue armazenar tanto dinheiro? A resposta é simples: é preciso acumular capital para suprir a deficiência intelectual. É preciso mostrar força para os eleitores. Impressionar para intimidar!
O mais grave disso tudo é que esses volumosos recursos gastos na campanha serão pagos com corrupção. O que ele gastou não vai compensar.
O advogado-geral do Senado Federal, Luiz Fernando Bandeira de Mello, que integra a Comissão de Reforma do Código Eleitoral, afirmou que será necessário discutir formas de baratear as eleições brasileiras, pois elas estão entre as mais caras do mundo. O advogado tomou como base o trabalho elaborado pelo cientista político norte-americano e brasilianista, David Samuels, e publicado em 2006, que fez uma comparação de despesas de campanha entre eleições do Brasil e Estados Unidos.
O interessante é que a elite brasileira condena essa prática, mas ao mesmo tempo aplaude os abastados. Para essa elite, só vale ser candidato o dono do capital, dos bois, do ouro, da grana. Não importa como foi adquirida essa riqueza. Se foi lícita ou conquistada através dos negócios escusos. Onde estão as causas? O ideal? O amor à terra natal? O respeito aos mais pobres? As esperanças e promessas não-cumpridas?
Chega de campanhas onde o marketing transforma candidatos medíocres em estadistas, que escondem o passado político que, na maioria das vezes, não existe.
É uma vergonha! Diga não aos imbecis trasvestidos de líderes! Políticos "pavões" que se elegem e acham que sabem tudo. Não ouvem e nem atendem ninguém. Andam como modelos na passarela, exibindo o terno comprado com o dinheiro do povo. Elegem-se para ter o poder, o status e a arrogância.
Bem diferente do presidente do Uruguai, "Mujica", que esbanja talento, patriotismo e humildade. Mora na mesma casa onde nasceu, simples, onde seu guardião é o povo uruguaio.
O exemplo de extrema humildade do papa Francisco merece uma profunda reflexão neste 2014, ano de eleições. Serve para mostrar que ganância, arrogância e corrupção estão na contramão do mundo cristão.
*É economista e pós-graduado em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), ex-vereador pelo PT de Cuiabá e analista legislativo do Senado Federal