Ativistas em Donetsk proclamam exército popular contra golpistas
Organizadores do protesto na cidade ucraniana de Donetsk, no leste do país, anunciaram nesta quinta-feira (10) a criação de um Exército popular e a decisão de defender o território de um assalto por tropas mobilizadas para a região rebelde pelo governo golpista.
Publicado 10/04/2014 17:45
Denis Puchilin, um dos dirigentes da autoproclamada República Popular de Donetsk, disse em coletiva de imprensa que desde quinta-feira começou o processo de conformação do Exército para defender o povo e a integridade territorial dessa nova entidade soberana.
Um grupo de deputados alternativos mantém o controle desde a segunda-feira da sede da administração regional, e além de proclamar a república convocaram um referendo sobre o status da região, provavelmente a realizar-se no dia 11 de maio.
Segundo o dirigente popular, celebraram-se nesta quinta-feira conversas com as autoridades da região e da urbe, e entre as reivindicações propostas sobressaiu-se a criação de uma patrulha conjunta da milícia e da polícia do trânsito para enfrentar os delitos comuns, bem como a libertação dos manifestantes presos nos últimos dias.
Os representantes opositores à junta golpista de Kiev e os servidores públicos nomeados depois do golpe de Estado de 22 de fevereiro último exigiram assim mesmo a conformação de milícias voluntárias para a proteção dos edifícios governamentais e de uma comissão encarregada da preparação do referendo.
Em Lugansk, por sua vez, onde ativistas populares retêm o controle do Serviço de Segurança, centenas de residentes se congregaram esta noite ao redor do edifício em solidariedade aos manifestantes e para apoiar na defesa, em caso de um assalto, anunciado pelo ministro de Interior Arsén Avakov.
"Estamos preparados para qualquer agressão e esperemos que possamos evitá-la. O principal é que sentimos o respaldo do povo", declarou a jornalistas Serguei Grachev, nomeado comandante do edifício tomado por eles.
Grachev confirmou que militares têm chegado à área próxima e se fala de um iminente assalto por parte de efetivos de tropas do interior e da Guarda Nacional (integrada por elementos radicais e fascistas do ocidente da Ucrânia), com apoio de blindados.
O ativista esclareceu que os agentes de segurança da cidade não têm tomado participação em ações de repressão. Mantêm-se só em seus postos de vigilância e nas ruas próximas ao edifício, agregou.
De acordo com noticiários, para a região de Lugansk deslocaram-se dezenas de combatentes da organização neonazi Setor Direito e entre 100 e 200 combatentes da Guarda Nacional.
Acha-se que são dirigidos pessoalmente pelo secretário do Conselho Nacional de Segurança de Ucrânia Andrei Parubi, do partido fascista Svoboda (Liberdade).
Nesta cidade do leste ucraniano a maioria da população advoga por um referendo para um status de federalização na Ucrânia e o estabelecimento do idioma russo como segunda língua oficial em toda a nação.
Partidários da federalização manifestaram-se também nesta quinta-feira nas cidades de Carcóvia e de Odessa. Em Carcóvia as forças governamentais recuperaram na terça-feira última o controle da administração regional e iniciaram um processo judicial acusatório a mais ou menos 70 ativistas populares.
Em Odessa centenas de moradores celebraram o 70º aniversário da libertação dessa cidade heroica dos ocupantes fascistas na Grande Guerra Patriótica (1941-1945), e misturaram lemas referentes à vitória, aos defensores da pátria, com palavras de ordem pela "Rússia" e o "Referendo".
Fonte: Prensa Latina