Deputada quer ações nas escolas para mudar cultura machista
A coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), defendeu tratamento mais ousado e profundo nas escolas para a prevenção da violência contra a mulher. Em entrevista ao programa Com a Palavra, da Rádio Câmara, a parlamentar comentou resultado de pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) segundo a qual 65% dos entrevistados concordam total ou parcialmente que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas.
Publicado 01/04/2014 11:34
Entre 3.810 pessoas ouvidas em todo o País, 58% responderam que, se as mulheres se comportassem, haveria menos estupros.
Para Jô Moraes, apesar de avanços contínuos no combate à violência contra a mulher, como a Lei Maria da Penha, ainda há muito a se fazer para mudar a cultura do machismo presente nos mais diversos segmentos da sociedade brasileira.
"O que mais me estranhou é que nós estamos vivendo numa situação em que a segurança pública, as ameaças, os homicídios, os crimes de assalto, de roubo a mão armada têm crescido muito e a sociedade tem clamado pela punição, pela prevenção, mais policiamento, mais rigor com a pena dos criminosos”, observa Jô Moraes. “Como é que, num momento em que a sociedade pede rigor com o crime, ela tem tamanha tolerância com o criminoso que ataca as mulheres?"
A deputada defende que, além de um trabalho preventivo profundo nas escolas, é preciso debater o tema com mais intensidade nos meios de comunicação, inclusive publicitários. Jô Moraes critica que, ainda hoje, anúncios explorem a sexualidade feminina para vender produtos.
Milhares de estupros
O Ipea estima que, a cada ano, existam 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no País, dos quais apenas 10% são reportados à polícia.
Os resultados do último levantamento do instituto a respeito das percepções quanto à violência contra a mulher motivaram uma campanha pelas redes sociais. O movimento "Eu não mereço ser estuprada" ganhou repercussão nos últimos dias, inclusive na mídia internacional.
Mas as mensagens não foram apenas de apoio. Diversas ofensas e ameaças foram direcionadas pela web às participantes do movimento, que têm incentivado as internautas a denunciarem as agressões.
Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara