Ucrânia imersa em nova batalha pela presidência

Com uma crise política sem saída e uma economia à beira do colapso, mais de 20 candidatos disputam a presidência da Ucrânia, cuja legitimidade é posta em dúvida pelo golpe de Estado contra o presidente Víktor Ianukovitch.

Alguns dos candidatos na lista, como a ex-primeira ministra Iúlia Timochenko, o magnata Piotr Porochenko e o líder do partido fascista Setor Direita, Dmitri Yaroch, foram protagonistas diretos no cenário violento criado no país para a tomada armada do poder e uma mudança de governo.

Até a data, registraram-se 46 aspirantes, mas, segundo a Comissão Central Eleitoral, apenas 24 têm maiores possibilidades e sete já estão inscritos para a disputa de 25 de maio, antecipada pelas autoridades golpistas em busca de legitimar a nova elite política ucraniana.

Como candidatos pelas formações políticas se inscreveram Porochenko, com respaldo do partido Udar (Soco, golpe), do boxeador profissional Vitali Klitchko; Iúlia por seu partido Batkivschina; bem como Oleg Tyanibok, da ultranacionalista Svoboda; e Yaroch por Setor de Direita.

Klitchko, um dos primeiros a declarar suas pretensões à presidência, por isso seu partido não ocupou nenhum posto no novo governo, retirou sua candidatura este fim de semana em apoio à candidatura de Porochenko, o favorito nas pesquisas.

Além disso, participarão da disputa: Piotr Simonenko, líder do partido Comunista; Mikhail Dobkin pelas Regiões; e Vassili Kuibida, do Movimento Popular da Ucrânia.

Ao todo, pelos partidos se postularam oito candidatos e 38 políticos independentes, mas até 4 de abril a lista pode aumentar com novas figuras devido à extensão do processo de inscrição, antes com data limite para 30 de março de acordo com o regulamento.

Os candidatos deverão depositar, além dos documentos, uma fiança eleitoral de 2,5 milhões de grivna (cerca de US$ 233 mil).

O partido das Regiões, agora na oposição, decidiu ontem durante o Congresso partidário, apresentar como candidato único Dobkin, ex-governador de Khárkov.

O partido expulsou de suas filas o defenestrado presidente Víktor Ianukovitch e o outrora premiê Nikolai Azarov, junto a um grupo de ex-ministros e deputados.

Por outro lado, o atual chefe de gabinete Arseni Yatseniuk declarou, nesta segunda-feira (31), em uma entrevista à televisão ucraniana que seu país estava pronto para negociar com a Federação da Rússia e a comunidade internacional, mas a partir da posição que "a Crimeia é e será parte da Ucrânia".

Estamos prontos para sentar à mesa de negociações, disse Arseniuk ao mesmo tempo em que acusou Moscou de não cumprir os acordos internacionais e insistiu nos direitos sobre a península, cujos habitantes decidiram em um referendo consultivo no dia 16 de março sua separação da Ucrânia e a adesão da Rússia (96,7).

O jornal ucraniano Segodnya comentou nesta segunda-feira que os Estados Unidos estavam muito preocupados com o futuro de Transnístria, separada da Moldávia no início da década de 1990, e por isso anunciaram uma ajuda à ex-república soviética de US$ 10 milhões "para reforçar as fronteiras".

Em sua recente visita a Chisinau, a subsecretária norte-americana de Estado, Victoria Nuland, disse que a situação regional se tornava difícil e por isso, além das promessas anteriores, proporcionariam ditos valores para a segurança das fronteiras.

Em Paris, o chanceler russo, Serguei Lavrov, explicitou as divergências entre Rússia e Estados Unidos em torno das causas da crise ucraniana, mas sublinhou a concordância com o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, na necessidade de encontrar uma posição comum para uma solução diplomática da situação nesse país.

Fonte: Prensa Latina