Marcha protesta nesta quinta-feira contra o trabalho infantil

 "Temos que trazer o tema para ser discutido com a sociedade. O trabalho infantil é algo tão naturalizado que, às vezes, achamos normal uma criança vendendo algo no sinal. Passa despercebido. A marcha acontecerá para trazer este olhar de sensibilização à sociedade", ressalta Tamilla de Melo, integrante da comissão executiva do Fepetipe e coordenadora do Recife do projeto Promovendo Infância / Combate ao Trabalho Infantil da organização Visão Mundial (World Vision).

A preocupação do Fepetipe não é à toa. O último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que desde 2010 o número de crianças trabalhadoras caiu um terço, passando de 215 milhões para 168 milhões. Destas 168 milhões, 85 milhões estão envolvidas em atividades perigosas. Em 2000, o número era de 171 milhões.

á no Brasil, o Programa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2012 apontou que, neste ano, havia 3,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos de idade trabalhando, 156 mil a menos do que o quantitativo em 2011. Essa população era composta por 81 mil crianças de 5 a 9 anos de idade; 473 mil de 10 a 13 anos; e três milhões de 14 a 17 anos.

Nessas três faixas etárias, o sexo masculino era maioria. Entre 2011 e 2012, a maior queda percentual (-23,0%) ocorreu dos 10 aos 13 anos, com 142 mil crianças deixando de trabalhar.O nível da ocupação (proporção de pessoas ocupadas nessa faixa etária) das pessoas de 5 a 17 anos foi de 8,3% em 2012, frente a 8,6% em 2011 e 9,8% em 2009.

No Censo 2010, Pernambuco tinha 147.866 pessoas de 10 a 17 anos trabalhando (Foto: reprodução / IBGE)

Já em Pernambuco, o último censo, realizado em 2010, apontou que na faixa dos 10 a 13 anos, 39.149 estavam trabalhando. Entre 14 ou 15 anos, 41.888 trabalhavam na semana de referência. Na faixa dos 16 ou 17 anos, haviam 666.829 em atividade.

O PNAD 2012 mostrou que, no Estado, 4 mil trabalhadores infantis (entre 5 e 9 anos). A taxa entre 10 e 14 anos era de 30 mil. Na última faixa etária analisada, de 15 a 17 anos, o número era de 104 mil pessoas.

Adesão à causa

Nesta quinta, a expectativa da organização é reunir cerca de 700 pessoas, entre crianças, adolescentes, educadores sociais, lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil em geral. A principal tarefa da caminhada é ganhar a adesão de um número ainda maior de participantes no combate ao trabalho infantil.

O percurso seguirá pela Avenida Conde da Boa Vista, passando pela ponte Duarte Coelho, Avenidas Guararapes e Dantas Barreto até chegar no Pátio do Carmo. Durante a marcha, vários grupos integrantes do Fórum farão apresentações culturais com as crianças e jovens participantes, a exemplo das encenações programadas com o grupo de Dança do Clube de Mães dos Moradores do Alto do Refúgio e do grupo de Percussão do Centro Comunitário Chão de Estrelas.

Flash Mob

A organização da Marcha também elaborou um outro projeto especial para acontecer durante o trajeto. Um grupo de mais de cem adolescentes realizará um Flash mob – aglomeração em determinado lugar para realizar uma ação previamente combinada – com a canção Criança Não Trabalha, Criança dá Trabalho, do grupo Palavra Cantada. "Esta é uma música que traz uma reflexão sobre os prejuízos do trabalho infantil", explica Tamilla.

A Marcha será o único evento organizado pelo Fórum esta semana. No entanto, durante o decorrer do ano, o Fepetipe promoverá uma série de atividades envolvendo a promoção e defesa dos direitos da criança e da juventude, tanto na capital pernambucana como no interior do Estado. "Existe um planejamento de ações o ano todo, com o objetivo de trazer a sensibilização para erradicação e combate em Pernambuco".

Participantes e organizadores interessados em se integrar à I Marcha Pernambuco contra o Trabalho Infantil também podem divulgar a caminhada nas redes sociais através da hashtag #MarchaPEcontraoTrabalhoInfantil. A ideia é espalhar o maior número de mensagens contra a exploração das crianças e adolescentes.

Fonte: NE10