Pingarilho: Núcleo dirigente; instrumento fundamental do PCdoB
Muito se tem falado em Partido de novo tipo para um tempo moderno de refluxo do movimento revolucionário em escala mundial, mas de enfrentamento de novas e complexas tarefas da luta política contemporânea.
Por José Luiz Amaral Pingarilho*
Publicado 08/10/2013 11:04 | Editado 13/12/2019 03:30
Nesse aspecto me reporto a um tema que pra mim tem atualidade na atual conjuntura vivida pelo nosso partido com a legalidade e a participação crescente na vida institucional: A constituição e consolidação do núcleo dirigente do nosso Partido.
Certamente que a experiência de vida partidária nos ensinou que sem um núcleo dirigente solido e com um nível elevado de compreensão dos objetivos políticos e estratégicos não se pode construir algo duradouro e conseqüente. Naturalmente que num partido com longos anos de atividade, o núcleo dirigente resulta de uma prolongada e complexa evolução.
A luta opera ao longo dos anos em uma seleção constante, em que as provas mais diversas e as experiências de trabalho vão determinando a presença na direção de um núcleo de camaradas que, como é normal, são em regra os mais capazes, os mais experimentados, os mais firmes, os mais dedicados. Continuidade da direção e a estabilidade do núcleo dirigente resultam de vários fatores, senão vejamos:
Em primeiro lugar, da justeza da linha política, comprovada pela prática e pela inexistência de graves erros de direção.
Se esse fator não se verifica, o Partido acaba inevitavelmente por exigir e impor alterações no núcleo dirigente, o que, com freqüência, significa crises e cisões.
Em segundo lugar, é importante fator da estabilidade do núcleo dirigente a capacidade criativa e inovadora necessária para responder aos novos problemas e as novas situações, encontrar as soluções justas, definir as tarefas concretas, detectar deficiências e erros e corrigi-los prontamente.
Se isso não se opera, a direção cai na rotina, não só se cometem erros como se agravam e, logo se impõe a necessidade de sua substituição ou alteração.
Em terceiro lugar, é importante fator da estabilidade o trabalho coletivo de direção e a sua unidade.
Se isso não acontece, evolui-se, ao culto à personalidade ou no sentido de conflitos e divisões, significando, num caso e outro, uma inevitável quebra da estabilidade do núcleo dirigente.
Em quarto lugar, um importante fator da estabilidade é a ligação da direção a todo o coletivo partidário, a compreensão justa do trabalho da direção e da intervenção dos militantes no ambiente de uma larga democracia interna.
E por último, como fator essencial da estabilidade da direção é a sua própria e progressiva renovação.
A sua importância é tal que se pode dizer que a estabilidade da direção e do núcleo dirigente não só é compatível com a renovação como depende largamente dela.
Entretanto, é necessário ter em conta que pode haver dois tipos de estabilidade de direção:
A estabilidade pode ser extremamente negativa se resulta do imobilismo, da rotina, do apossamento da direção por um conjunto de camaradas que, de uma maneira ou de outra, conservam ilegitimamente “o poder” com espírito de grupo ou de capela.
A estabilidade da direção do Partido é, porém um bem positivo da atividade sem crises nem rupturas. Constitui então uma prova de maturidade e uma aquisição histórica.
José Luiz Amaral Pingarilho é Membro do PCdoB Amapá.