Rijarda Aristóteles: Cidade planejada e mobilidade humana

Por *Rijarda Aristóteles

As boas práticas que gostaria de destacar, a propósito do nosso investimento em ciclovias, vem de Copenhage, (Dinamarca). A cidade que ganhou este ano o prêmio Capital Verde Europeia 2014, tem 1/5 da população de Fortaleza, e é o exemplo mais bem-sucedido de cidade planejada para a mobilidade humana. E faz do ciclismo sua porta de recepção para turistas. O seu Plano de Mobilidade Urbana tem foco definido em quatro eixos: a cidade para os ciclistas, melhora do transporte público, diminuir tráfego com restrição de estacionamentos, direcionamento da aquisição de veículos ecológicos.

O investimento no Plano de Mobilidade Urbana, com foco em ciclovias e na promoção do sistema de transporte público, impacta positivamente na qualidade de vida ao reduzir os estresses dos congestionamentos, melhora o nível de saúde dos cidadãos, além de mitigar os custos de toda a cadeira especulativa do sistema de transportes, direcionando as empresas de transporte urbano para a eficácia competitiva na prestação de serviços. É um plano completo e compartilhado com o cidadão.

A este propósito, verifica-se o esforço de ações isoladas em Fortaleza para se implantar faixas de ciclistas e ciclovias, nas ruas da Capital. Mas lamento dizer: sem uma estratégia para a mobilidade na cidade, que promova programas de inclusão participativa da população, de educação cidadã e sem um real esforço do poder público em querer resolver os grandes gargalos da mobilidade da cidade, serão apenas obras urbanas. Bem vindas, porém somente ações pontuais.

A construção de cidades sustentáveis, das quais Fortaleza poderia ser uma protagonista, tem como conceito intrínseco o desenvolvimento sustentável que une, de maneira inequívoca, crescimento econômico com impacto na melhoria na qualidade de vida dos habitantes. É o investimento conceitual no trinômio socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável.

O Instituto da Cidade fará em 2014 o 10º Encontro da Cidade, com foco nas boas práticas urbanas. Entende que os bons exemplos são formas privilegiadas de comprovar que a mudança de rota é viável quando se tem como prioridade a qualidade de vida dos habitantes da cidade. Hoje, mais do que ações paliativas, o que está em jogo são valores e crenças sobre que futuro está sendo construído.

A população deve compartilhar sua autorresponsabilidade nesta construção. São projetos resultantes de ideias não sólidas o suficiente, para convencer o conjunto das pessoas de estabelecer um novo modo de vida, respeitoso, alternativo ao caos urbano, à falta de educação no relacionamento para com o outro e com a cidade. Significa continuarmos à deriva sempre à espera de ações emergenciais.

*Rijarda Aristóteles é Diretora do Instituto da Cidade

Fonte: O Povo

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