Agentes de endemias vão parar

Os agentes de combate a endemias vão manter o indicativo de greve anunciado na semana passada até o prazo de 72 horas, exigido por lei, e, se nesse período, não houver negociação com a Secretaria Municipal de Saúde, a categoria deverá entrar em greve por tempo indeterminado – o que deve ocorrer a partir da próxima segunda-feira, em função do feriado da Semana Santa.

Esse foi o resultado da reunião de ontem entre representantes da categoria e o secretário municipal de Saúde, Thiago Trindade, durante a paralisação e o movimento de protesto realizado pelos agentes na praça Sete de Setembro, em frente à Prefeitura de Natal. A reportagem tentou falar com o secretário, mas não conseguiu.

Na reunião, os agentes pediram o cancelamento do contrato de mais de R$ 8 milhões com o Instituto de Tecnologia, Capacitação e Integração Social (ITCI), empresa pernambucana que vai atuar no combate à dengue durante o período de três meses. Eles também pediram condições de trabalho para o cumprimento da carga horária de 40h, recomendada pelo Ministério Público, como o pagamento de uma gratificação de campo no valor de R$ 375 e mais R$ 220 referente ao pagamento de Vale Alimentação.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Agentes de Endemias de Natal (Sindas), José Salustino, o aumento da carga horária dos agentes é uma exigência do Ministério Público, mas cabe ao município dar as condições para tanto. "Há 8 anos, os agentes cumprem horário corrido, das 7 às 13h, que é uma prática corriqueira no serviço público. Não nos recusamos a trabalhar mais, por outro lado, reivindicamos uma gratificação de campo no valor de R$ 375 e vale alimentação diário de R$ 15".

Sindicato não aceita argumento de falta de recursos

O diretor do Sindicato dos Agentes de Endemias de Natal (Sindas), José Salustino, não aceita o argumento de que não existe dinheiro para pagar as reivindicações. "Como não tem dinheiro se fazem um contrato milionário com uma empresa de fora. Por que, ao invés disso, não se investiu com mais força nas ações de prevenção e no grupo de agentes que hoje atua em Natal?", questiona ele. Com relação à contratação dos novos agentes, ele disse que essa é uma antiga reivindicação da categoria. "Somos, ao todo, 550, mas apenas 320 estão atuando diretamente no combate à dengue. A contratação era preciso, mas não podemos aceitar que a Prefeitura diga que não tem dinheiro para pagar aos profissionais permanentes e pague R$ 680 para o agente terceirizado", afirma.

Os profissionais também se pronunciaram com relação a declarações recentes do secretário de Saúde, Tiago Trindade, insinuando que os agentes atuais não teriam qualificação para o combate à dengue. "É evidente que todo profissional precisa de cursos de aperfeiçoamento, mas somos radicalmente contra contratar uma empresa para fazer esse trabalho, quando se tem um grupo que tem preparação técnica para isso. Se o secretário quiser, poderemos dar uma aula para sua equipe", refutou o agente Edson Bezerra. O projeto Natal Contra a Dengue vai custar aos cofres municipais o valor de R$ 8.116.675,72 por três meses de trabalho e mais um acréscimo de R$ 209.786,00, relativos a equipamentos para os profissionais.
 

Diário de Natal