Poço da Pedra: do Pirambu para o Brasil

O filme Poço da Pedra estreia nesta quinta-feira (14/04), no Teatro José de Alencar. O projeto é uma iniciativa da Academia de Ciência e Artes (ACARTES) e do Ponto de Cultura Escola de Artes. Em entrevista para o Vermelho/CE, Gerardo Damasceno, diretor do longa-metragem, contou sobre a produção e a expectativa do lançamento do filme.

Gerardo Damasceno - Diário do Nordeste

Do livro para o teatro e depois para a linguagem cinematográfica. O romance de Gerardo Damasceno, com colaboração do teatrólogo Raimundo Cavalcante, passou por adaptações em mídias diferenciadas até ser trabalhado para o audiovisual. O projeto do filme Poço da Pedra teve início no ano passado e as gravações foram realizadas nas cidades de Itaitinga e Guaramiranga, no Ceará. O longa contou com a parceria do Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet, e também com o patrocínio da empresa M. Dias Branco.

Os atores

Parte dos atores e atrizes de Poço da Pedra foi formada nas oficinas de interpretação promovidas pelo Ponto de Cultura Escola de Artes, no Pirambu. “Nada mais lógico do que usar as pessoas que participaram do Ponto”, considera o diretor. O filme também conta com o ator global Aramis Trindade, que atua como protagonista.

Dificuldades superadas

Por ser o primeiro longa-metragem produzido pela ACARTES, a primeira dificuldade foi a captação de recursos, tendo em vista que muitos investidores querem contribuir com filmes cujo diretores já são conhecidos. Então os responsáveis buscaram meios alternativos para conseguir suprir algumas dificuldades. Exemplo disso foi a produção do maquinário, iluminação e arquitetura da cidade, que contou com o empenho e a colaboração dos integrantes do filme. O alojamento, improvisado no próprio local de gravação, também contribuiu na redução dos custos e mesmo com o orçamento baixo foi possível realizar um filme de qualidade.

Mensagem do Poço da Pedra

O filme, com duração de uma hora e trinta minutos, conta a história de uma cidade que luta por emancipação política. A ficção também faz crítica ao poder político e econômico, expondo conchavos existentes no distrito de Poço da Pedra. Os núcleos dramáticos também retratam a realidade das relações humanas e os conflitos sociais da população. Um dos pontos altos do filme é a morte do líder Zé Capote e o início do desvendamento do crime, demonstrando aos poucos os interesses dos grupos políticos. A ficção também é complexa e tem uma proposta subjetiva ao colocar em discussão os dramas pessoais dos personagens como a questão da violência sexual. Poço da Pedra permite uma discussão sobre os assuntos políticos e ao mesmo tempo esclarece os telespectadores sobre questões cotidianas.

Expectativas

"Conseguimos fazer um filme de muita qualidade, agora esperamos a aprovação do público”. É assim que o diretor Gerardo Damasceno expressa o sentimento de conclusão do trabalho. Após a estreia, Poço da Pedra será exibido nos bairros de Fortaleza e também nos cineclubes alternativos do Brasil, através de um articulação com o Conselho Nacional dos Cineclubes. Além disso, o longa-metragem também será distribuído nos quase três mil Pontos de Cultura espalhados nos municípios brasileiros. Já no Pirambu, sede da ACARTES, os moradores organizam caravanas para prestigiar a estreia do longa que nasceu no bairro e, a partir desta quinta-feira, poderá ser assistido em várias partes do país.

De Fortaleza,
Ivina Carla (estagiária do Vermelho/CE)