Bolsonaro nega racismo em defesa na Câmara, mas admite homofobia
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) entregou nesta quarta-feira (13) sua defesa contra as acusações de racismo e homofobia que enfrenta na Câmara. Numa peça de 13 páginas, ele alega que entendeu de forma errada a pergunta feita pela cantora Preta Gil durante o programa CQC, da TV Bandeirantes, sobre como reagiria se seu filho namorasse uma mulher negra.
Publicado 13/04/2011 19:26
No programa, ele respondeu que seus filhos não foram criados num ambiente de promiscuidade. Depois da acusação, disse que pensou que a pergunta era sobre casais gays.
"Eu sou casado com uma afrodescendente. Meu filho, por ser maior de idade, poderia namorar qualquer pessoa, do sexo feminino, e desde que não tivesse o comportamento da senhora Preta Gil, conforme está no blog dela e em CDs, que são coisas que não posso falar em público em nome dos bons costumes", disse.
Em sua defesa, o deputado cita até o desafeto José Dirceu, ex-deputado cassado após o escândalo do mensalão, em 2005. Bolsonaro irá relembrar uma “pegadinha” que um jornal fez com vários deputados no início dos anos 90, recolhendo assinaturas para um projeto que reinstituía a escravidão e tornava o Brasil colônia de Portugal. Dezenas assinaram sem ler.
O deputado preferiu não divulgar o documento, dizendo que iria seguir determinação da Corregedoria de manter o processo em segredo. A partir da entrega, o corregedor, Eduardo da Fonte (PP-PE) terá até 180 dias para se posicionar e enviar, ou não, o caso ao Conselho de Ética, colegiado de deputados com poder para punir o colega com advertências ou até perda de mandato.
Sobre as chances de ser punido, Bolsonaro disse que não fez mal a ninguém e pediu uma entrevista ao vivo no CQC para se explicar. "Eu não fiz nada contra a Câmara, contra qualquer parlamentar. Foi uma resposta dada a uma pergunta enviesada do CQC, e acho que eles devem uma explicação".
O deputado aproveitou a repercussão do caso para criticar projetos do governo que promovem a discussão da homossexualidade nas escolas, chamando a iniciativa de “kit gay”. Também criticou propostas do Congresso que criminalizam agressões contra homossexuais. Questionado se admitia que fosse homofóbico, Bolsonaro relativizou.
"Se for a defesa da nossa garotada nas escolas ser um ato considerado homofóbico, aí eu sou homofóbico. Se defender a família, os bons costumes e a religião for homofóbico, então podem continuar me chamando de homofóbico".
Fonte: R7