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Executivos da Vale recebem salário superior a R$ 1 milhão

Finalmente surgiu um colunista de economia que se dignou a tratar de um tema que parece tabu: quanto ganha o presidente da Vale. Guilherme Barros, do IG, confirma os dados divulgados ontem aqui e até mesmo a suposição que fiz sobre a remuneração de Roger Agnelli.

por Brizola Neto, em seu blog Tijolaço

Diz a nota que publica o jornalista:

“Com a saída da presidência da Vale, Roger Agnelli terá uma perda substancial em seus rendimentos. Além de dois aviões Citation, um deles comprado recentemente, e de um helicóptero, o executivo deixará de receber R$ 16 milhões por ano, valor que compreende salários e bônus pagos pela mineradora.

Os outros oito principais executivos que compõem a diretoria da Vale ganham cerca de R$ 78 milhões por ano.
 

A sucessão de Agnelli será tratada em reunião do Conselho de Administração da companhia nesta quinta-feira.”
 
Divididos por 12 meses, Agnelli ganhou nada menos que R$ 1,3 milhão mensais.

Ainda bem que ainda tem gente na imprensa que acha, corretamente, que uma companhia de capital aberto, com ações em poder do público, e que tem 51% de sua controladora – a Valepar – pertencentes a fundos de pensão mantidos por estatais não pode tratar isso como sigilo. Aliás, se a imprensa publica salário de jogador de futebol, onde nem há dinheiro público envolvido, porque não se pode saber quanto ganha o presidente de uma empresa que tem tamanha parcela das ações vinculadas ao poder público?

O “jênio” empresarial de Roger Agnelli

Hoje a Folha publica uma matéria informando que Tito Martins, que ingressou como funcionário de carreira da Vale em 1985, será o novo presidente da empresa. (Nota do Vermelho: o Bradesco desmentiu a Folha horas depois). Não conheço seu pensamento e, portanto, não posso comentar.

Mas chamo atenção para o gráfico que o jornal publica – e eu reproduzo abaixo – sobre o crescimento dos lucros da empresa no período Agnelli, os longos 10 anos desde 2001, quando passaram de R$ 3 bi para R$ 30 bi.

Uma evolução enorme, de fato.

Só que, pra variar, os nossos competentes jornalistas de economia esquecem de mencionar a evolução dos preços da mercadoria que a empresa de Agnelli vende; minério de ferro.

Eu, como não sou jornalista, gastei três minutos no Google para obter a informação. E coloco junto o gráfico de preços, desde 2001, do minério de ferro vendido a partir do Porto da Madeira, terminal da vale no porto de Itaqui, no Maranhão, por onde se escoa a produção de Carajás.

Coloco o gráfico dos preços, no mesmo período, debaixo do gráfico dos lucros. E aí fica claro que, com o preço subindo de 27 para 190 dólares (caiu 10% de fevereiro para março), de onde vem a tão festejada “competência” gerencial milagrosa de Roger Agnelli.

Ninguém nega, aliás, que ele seja bom administrador, do ponto de vista empresarial. Aliás, com um salário de mais de R$ 1 milhão por mês, não se esperaria o desempenho de um gerente de botequim, com todo respeito a estes trabalhadores.

Mas a pergunta que não quer calar é: porque se esconde da população que o tal sucesso estrondoso da Vale vem do fato de que o minério de ferro, que constitucionalmente é propriedade do povo brasileiro, ter se tornado uma “commodity” muito mais valiosa nesta década.

Será que é porque isso lhes evidencia a cumplicidade com o crime de lesa-pátria que Fernando Henrique e José Serra cometeram ao vendê-la por uma ninharia, na bacia das almas?

Fonte: Tijolaço