Pesquisa aponta melhoria da qualidade de vida em assentamentos
Os resultados preliminares da primeira pesquisa sobre a qualidade de vida nos assentamentos da reforma agrária de todo País foram divulgados, na última terça-feira (21), pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Publicado 23/12/2010 15:14
Os primeiros resultados do estudo, intitulado Pesquisa Sobre Qualidade de Vida, Produção e Renda nos Assentamentos do Brasil, têm índice de confiança de 95%.
Com o objetivo de captar informações sobre quem são, como vivem, o que produzem e como produzem, e o que pensam as famílias assentadas da reforma agrária, os dados obtidos darão suporte ao planejamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da reforma agrária nos próximos anos.
A pesquisa foi realizada entre os meses de janeiro e outubro deste ano e abrangeu as 804.867 famílias assentadas entre 1985 e 2008, com a aplicação de 16.153 entrevistas, distribuídas em 1.164 assentamentos por todo o Brasil, sob coordenação do Incra, com a consultoria de pesquisadores das Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Pelotas (UFPel).
Dentre os dados levantados, o fato de haver um grande número (44%) de jovens com menos de 20 anos entre os assentados foi o mais surpreendente, segundo o presidente do Incra, Rolf Hackbart.
Infraestrutura
O trabalho apontou que 70% das moradias possuem mais de cinco cômodos, 76% possuem algum tipo de tratamento de dejetos e 79% das famílias informam acesso suficiente à água. Porém, na região Nordeste há 35% de famílias assentadas com acesso insuficiente ao abastecimento.
Cinqüenta e sete por cento das famílias informaram descontentamento com a condição das estradas e vias de acesso aos lotes, a maioria do Norte (65%) e do Nordeste (64%), onde as condições ambientais são difíceis e as parcerias com municípios, mais restritas. Entre 2003 e 2010, foram construídos ou recuperados mais de 52 mil quilômetros de estradas.
Educação e saúde
O nível de escolaridade dos assentados da reforma agrária até o primeiro grau é de 84%. O principal déficit está no ensino médio e superior, com acesso inferior a 10%.
Com relação à saúde, 56% das famílias estão descontentes com o acesso a hospitais e postos de saúde, confirmando o desafio da universalização da assistência, especialmente no meio rural e nas regiões Norte e Nordeste.
Crédito, produção e renda
Das famílias entrevistadas, 52% declararam ter acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e 64% delas estão adimplentes. Sessenta e dois por cento já receberam Créditos de Apoio, Fomento ou para Aquisição de Material de Construção. Entre 2003 e 2010, foram financiadas a construção ou reforma de mais de 394 mil moradias.
Dentre os mais de 200 produtos da reforma agrária elencados nos questionários, o leite, o milho e o feijão se destacam na formação da renda das famílias. Nos estados de Santa Catarina e Ceará mais de 85% dos produtores plantam feijão, e 50% milho. A renda proveniente do leite nos assentamentos no Ceará chega a R$ 4,7 milhões ao ano e em Santa Catarina a R$ 17,7 milhões.
A produção agropecuária nos assentamentos representa a maior fatia na composição da renda, alcançando 76% em Santa Catarina e 48% no Ceará.
Qualidade de vida
Sobre a percepção da melhoria nas condições de vida dentre as famílias assentadas, após o acesso a terra, 73,5% disseram que a situação está melhor em relação à moradia, 64,86% dizem ter melhorado em relação à alimentação, 63,29% em relação à educação, 63,09% em relação à renda e 47,28% afirmam que a situação melhorou no que diz respeito à saúde.
Fonte: Boletim Em Questão