Médicos Sem Fronteiras: Bloqueio prejudica saúde de palestinos
O bloqueio de Israel ao território palestino da faixa de Gaza, iniciado em 2007 sob o pretexto de impedir a entrada de armas para os guerrilheiros da resistêjncia à ocupação, dificulta o atendimento médico aos moradores da região, afirma a ONG internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) em relatório divulgado nesta terça-feira (14).
Publicado 14/12/2010 18:23
A entidade faz um balanço dos dez anos de atuação em Gaza e diz que, embora o bloqueio tenha sido um pouco diminuído em 2010, depois da ação criminosa de Israel contra barcos de ajuda humanitária, que deixou nove ativistas mortos, "as restrições à entrada e saída de pessoas e materiais continuam". E, segundo o relatório, essas restrições contribuem para deteriorar a saúde dos palestinos.
A MSF afirma que, por causa dos impactos relacionados ao bloqueio imposto por Israel na saúde, mais de 500 pacientes terão que esperar entre 12 e 18 meses por uma cirurgia em Gaza.
A organização admite que "doações financeiras e materiais agora estão chegando a Gaza, hospitais estão sendo reconstruídos, unidades locais de saúde recentemente receberam suprimentos de materiais médicos e medicamentos", mas afirma que dificuldades básicas persistem.
A ONG afirma que "as peças de reposição necessárias à manutenção do equipamento não podem entrar em Gaza. Os profissionais de saúde que trabalham nos centros de saúde não são autorizados a sair para fazer cursos de aperfeiçoamentos, fundamentais principalmente àqueles que vão trabalhar com os novos equipamentos".
Para Jean-Luc Lambert, o bloqueio israelense tornou mais difícil para os profissionais de saúde trabalharem na região hoje do que há dez anos. "Se compararmos com 2000 ou 2001, acho que está mais difícil para os médicos de Gaza fazerem tratamento, está mais difícil para os pacientes, que não podem sair do território para receber tratamento lá fora. Então sim, é mais difícil hoje do que em 2000".
Para a MSF, esses problemas são ocasionados principalmente pelas restrições à entrada de caminhões pelo sul do território.
Segundo a organização, entre cem e 200 caminhões passam na região todos os dias. Isso representa um terço do que circulava em 2007, quando Israel levantou o bloqueio contra a Faixa de Gaza. Lambert diz que, por causa disso, os hospitais têm dificuldade para operar.
"Uma coisa que com certeza dificulta é a falta de combustível para as operações dos hospitais. Em maio de 2010, tivemos que providenciar 17 mil litros de combustível. Sem isso, os hospitais são forçados a fechar alas e isso afeta muito as pessoas".
A ONG afirma, ainda, que 25% dos pacientes sofrem de problemas que não podem ser tratados em Gaza, mas que os pedidos de transferência para fora do território palestino são constantemente negados.
"O grande problema é quanto as pessoas precisam de tratamento altamente especializado fora de Gaza. É muito difícil trazer isso para dentro de Gaza, não só equipamento, mas também de pessoal treinado".
O relatório da MSF destaca, por fim, as ações dos médicos após a operação Chumbo Fundido — agressão militar israelense que, entre 27 de dezembro 2008 e 18 de janeiro de 2009, provocou a morte de quase 1.300 pessoas e deixou cerca de 5.300 feridos.
Segundo a organização, as equipes realizaram de cinco a oito cirurgias todos os dias no período posterior à operação, além de outros procedimentos.
Entre janeiro e julho de 2009, informa o relatório, as equipes de MSF realizaram 84 procedimentos ortopédicos e 278 reconstruções. Essas atividades, afirma a ONG, aliviaram a carga de trabalho nos hospitais palestinos, levando a uma retomada gradual das atividades normais.
Da redação, com informações do Portal R7