Até o FMI já descarta dólar e defende um Novo Sistema Monetário
A cada dia vai ficando mais claro que o dólar está com os dias contados como moeda única internacional. Até mesmo o FMI (quem diria?) se juntou ao coro dos que defendem um Novo Sistema Monetário Internacional.
Publicado 14/12/2010 20:12
“Caminhamos para um sistema de multidivisas, onde não apenas uma divisa vai predominar, senão que serão várias”, declarou nesta terça-feira (14), o diretor geral do FMI, Dominique Strauss Kahn. Em sua opinião, só assim será possível alcançar o equilíbrio monetário, hoje bombardeado pela chamada guerra cambial.
Crise não desapareceu
O economista anunciou uma mudança na política de empréstimos do órgão, ao mesmo tempo em que reconheceu que a crise econômica mundial ainda persiste, apesar do crescimento de alguns países.
Kahn disse que o México é o primeiro país a renovar uma linha de crédito flexível, que, sem as tradicionais condicionalidades, é uma espécie de crédito outorgado apenas aos países que praticam uma política econômica considerada correta pelos controvertidos critérios do Fundo.
Primeiro passo
Segundo o diretor-geral do FMI “este é o primeiro passo para a mudança do Sistema Monetário Internacional no futuro”.
Ele reconheceu a fragilidade da recuperação da economia mundial. Embora as estatísticas apontem um crescimento que ele considerou “bom”, ponderou que “nem por isto devemos crer que a crise já ficou para trás, porque a realidade é mais complicada”.
Em relação ao México, onde se encontram, comentou que muitos organismos internacionais e instituições financeiras nacionais estimam um crescimento de 5% para o país, mas defendeu que o governo “deve implementar políticas que garantam emprego para a juventude”.
“É necessário que a economia informal se transforme em formal, que os setores de transporte, telecomunicação e energia tenham mais acesso à livre competição, que a oferta e a demanda tenham um equilíbrio e se diversifiquem as exportações, porque o petróleo não é eterno, assinalou o dirigente do FMI.
Isolamento dos EUA
A posição do francês Dominique Strauss Kahn sobre o padrão dólar não coincide com o pensamento e os interesse de Washington, mas parece alinhada com a opinião do presidente da França, Nicolas Sarkozy, e sinaliza um progressivo isolamento dos Estados Unidos nos debates sobre o Sistema Monetário Internacional.
A necessidade de mudar o atual sistema, fundado na hegemonia do dólar, ganha um caráter objetivo em função da crescente instabilidade dos mercados cambiais e da chamada guerra cambial, causada pela política monetária dos EUA.
As emissões desbragadas realizadas pelo Federal Reserve (FED, banco central estadunidense) e os déficits colossais contraídos pelo império estão por trás da forte volatilidade do câmbio e provocam uma inflação mundial do dólar, que muito a ver, por exemplo, com a alta dos preços de alimentos e combustíveis.
Neste caso, é preciso concordar com o FMI. O mundo terá de caminhar na direção de um novo Sistema Monetário Internacional, com a supremacia do corrompido padrão dólar por um sistema de multidivisas, uma espécie de cesta de moedas na qual o dinheiro do Tio Sam será apenas mais um.
Da redação, Umberto Martins, com Prensa Latina