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Até o FMI já descarta dólar e defende um Novo Sistema Monetário

A cada dia vai ficando mais claro que o dólar está com os dias contados como moeda única internacional. Até mesmo o FMI (quem diria?) se juntou ao coro dos que defendem um Novo Sistema Monetário Internacional.

“Caminhamos para um sistema de multidivisas, onde não apenas uma divisa vai predominar, senão que serão várias”, declarou nesta terça-feira (14), o diretor geral do FMI, Dominique Strauss Kahn. Em sua opinião, só assim será possível alcançar o equilíbrio monetário, hoje bombardeado pela chamada guerra cambial.

Crise não desapareceu

O economista anunciou uma mudança na política de empréstimos do órgão, ao mesmo tempo em que reconheceu que a crise econômica mundial ainda persiste, apesar do crescimento de alguns países.

Kahn disse que o México é o primeiro país a renovar uma linha de crédito flexível, que, sem as tradicionais condicionalidades, é uma espécie de crédito outorgado apenas aos países que praticam uma política econômica considerada correta pelos controvertidos critérios do Fundo.

Primeiro passo

Segundo o diretor-geral do FMI “este é o primeiro passo para a mudança do Sistema Monetário Internacional no futuro”.

Ele reconheceu a fragilidade da recuperação da economia mundial. Embora as estatísticas apontem um crescimento que ele considerou “bom”, ponderou que “nem por isto devemos crer que a crise já ficou para trás, porque a realidade é mais complicada”.

Em relação ao México, onde se encontram, comentou que muitos organismos internacionais e instituições financeiras nacionais estimam um crescimento de 5% para o país, mas defendeu que o governo “deve implementar políticas que garantam emprego para a juventude”.

“É necessário que a economia informal se transforme em formal, que os setores de transporte, telecomunicação e energia tenham mais acesso à livre competição, que a oferta e a demanda tenham um equilíbrio e se diversifiquem as exportações, porque o petróleo não é eterno, assinalou o dirigente do FMI.

Isolamento dos EUA

A posição do francês Dominique Strauss Kahn sobre o padrão dólar não coincide com o pensamento e os interesse de Washington, mas parece alinhada com a opinião do presidente da França, Nicolas Sarkozy, e sinaliza um progressivo isolamento dos Estados Unidos nos debates sobre o Sistema Monetário Internacional.

A necessidade de mudar o atual sistema, fundado na hegemonia do dólar, ganha um caráter objetivo em função da crescente instabilidade dos mercados cambiais e da chamada guerra cambial, causada pela política monetária dos EUA.

As emissões desbragadas realizadas pelo Federal Reserve (FED, banco central estadunidense) e os déficits colossais contraídos pelo império estão por trás da forte volatilidade do câmbio e provocam uma inflação mundial do dólar, que muito a ver, por exemplo, com a alta dos preços de alimentos e combustíveis.

Neste caso, é preciso concordar com o FMI. O mundo terá de caminhar na direção de um novo Sistema Monetário Internacional, com a supremacia do corrompido padrão dólar por um sistema de multidivisas, uma espécie de cesta de moedas na qual o dinheiro do Tio Sam será apenas mais um.

Da redação, Umberto Martins, com Prensa Latina