Fluminense conquista seu segundo campeonato brasileiro

Com o triunfo, o técnico do tricolor carioca, Muricy Ramalho, tornou-se o segundo técnico mais vitorioso do campeonato, com quatro conquistas. Wanderley Luxemburgo obteve cinco conquistas.

O Fluminense veio para a última rodada do torneio como líder, com 68 pontos ganhos, seguido de perto do Corinthians, com 67 e do Cruzeiro, com 66 pontos. Ansiosa, a equipe carioca perdeu seguidas chances de abrir o placar e só conseguiu marcar na segunda etapa.

Enquanto isso, o Corinthians empatava em 1 gol com o Goiás, em Goiânia, e o Cruzeiro derrotava, de virada, o Palmeiras por 2 a 1 em Sete Lagoas.

O campeão brasileiro obteve 20 vitórias ao longo do torneio, com 11 empates e 7 derrotas. Em segundo lugar ficou o Cruzeiro, de Belo Horizonte, com 69 pontos e, em seguida, o Corinthians, com 68 pontos ganhos.

Polêmica da "entrega"

O torneio foi marcado pela polêmica em torno da escalação de equipes reservas ao longo de sua disputa. Equipes como o Internacional, de Porto Alegre, e o Palmeiras, de São Paulo, levaram a campo equipes consideradas reservas em algumas partidas, porque disputavam torneios paralelos.

O Internacional disputava a Copa Libertadores da América, no início do campeonato, enquanto Palmeiras disputava a Copa Sulamericana. O Goiás, outra equipe que chegou à final da competição criada pela Confederação Sulamericana de Futebol, também levou uma equipe reserva a campo nesta última rodada.

A polêmica teve início quando o zagueiro Alex Silva, do São Paulo, afirmou que faria de tudo para prejudicar o rival Corinthians na disputa do título. Fora da disputa do título, o São Paulo acabou perdendo para o Fluminense por 4 a 1 em Barueri.

O Palmeiras, arquirrival do Corinthians, foi eliminado da Sulamericana pelo Goiás e também levou uma equipe reserva a campo nas suas últimas duas partidas, contra Fluminense e Cruzeiro.

Culpa de quem?

Torcedores mais afoitos culparam a suposta "entrega" ao sistema de disputa do campeonato, talvez por esquecerem de situações similares que aconteceram nos 39 anos de história do campeonato, com fórmulas mirabolantes que favoreciam equipes bastante limitadas, mas fortes nos bastidores do futebol. Quem não lembra da bagunça que foi o campeonato brasileiro de 1986, que acabou dando vida ao Clube dos 13?

Técnicos e dirigentes, mais afoitos ainda, condenaram árbitros por erros que supostamente teriam cometido. O técnico vice-campeão brasileiro, Cuca, chegou a esmurrar uma mesa, no estádio do Pacaembu, depois de uma derrota para o Corinthians.

O presidente do clube, Zezé Perrela, também xingou e fez pesadas acusações contra o árbitro da partida. Situação semelhante à vivida no ano passado quando o presidente do Palmeiras, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, xingou e ameaçou o árbitro da partida de seu time contra o Fluminense, no Rio de Janeiro, por um erro cometido ainda no primeiro tempo da partida.

Na verdade, as últimas rodadas do campeonato foram marcadas por situações imprevisas, com os favoritos perdendo pontos para equipes mais fracas, graças a diversos motivos, como contusões que evidenciaram a má qualidade dos jogadores reservas, inclusive da campeã, por várias rodadas, ou táticas e estratégias erradas adotadas por comissões técnicas.

O caso é que o capitalismo tem tentado extrair o máximo de lucro do jogo de futebol. Ações de marketing discutíveis, excesso de campeonatos, excesso de jogos, preços altos dos ingressos, têm feito do futebol algo além do esporte, mais próximo do investimento.

Além disso, os jogos são fisicamente mais disputados e essa exigência atlética tem encurtado a carreira de vários jogadores de futebol, como analisou o jornalista Celso Lungaretti neste artigo.

Os grandes clubes do Brasil passaram de 70 jogos disputados no ano, com uma carga física muito mais exigente que os mesmos 70 ou 80 jogos que se disputavam nas décadas de 1970 ou 1980. O clube de futebol foi convertido em uma fábrica de dinheiro, daí disputar ao longo de um ano até quatro campeonatos, dois deles ao mesmo tempo, na maior parte da temporada.

O Fluminense, este ano, foi o campeão com o segundo pior aproveitamento da era dos pontos corridos, uma característica só superada no ano de 2009. Ao mesmo tempo que mais clubes chegam com condições de levantar o troféu na última rodada, trazendo mais emoção ao torneio, mais clubes evidenciam os danos do esgotamento físico e psicológico dos atletas.