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Fluminense volta a ferir o Estatuto do Torcedor

Falhas nos pontos de venda e na internet repetem a desorganização na comercialização de entradas em 2008 e podem desencadear nova investigação do Ministério Público.

Apesar de o Fluminense alcançar a terceira decisão consecutiva em três anos, a diretoria do clube repetiu os erros nas bilheterias. Foi o último ato de um grupo de dirigentes que sai de cena, assim como poderá ser com a BWA, empresa responsável pela venda de ingressos nos guichês e na internet, pelo site Ingresso Fácil, de difícil acesso e que congelou desde a madrugada de quarta-feira. Pelo menos, ao contrário de 2008, não foi relatado desvio de entradas.

Para o promotor de Justiça do Ministério Público Rodrigo Terra se for mesmo comprovado que a BWA e o clube não se preparam para facilitar a venda pela internet ou nos guichês, será configurado desrespeito ao Estatuto do Torcedor e ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado pela diretoria tricolor em 2009.

"É uma falha não somente no que diz respeito ao Estatuto, mas ao contrato com o clube. Se este ano o Fluminense nada fez para coibir a chamada farra dos ingressos, todas as reclamações serão apuradas para abrirmos uma investigação", afirmou Terra.

Novo modelo de venda

Segundo o Estatuto, “a venda deverá ser realizada por sistema que assegure a sua agilidade e amplo acesso à informação”. Existem relatos de torcedores que ficaram três dias na fila e outros que asseguram ser impossível comprar no site. No Engenhão, ingressos de R$60 e R$80, que tinham acabado, reapareceram depois de torcedores terem que comprar os de R$150.

Uma das primeiras medidas do presidente eleito Peter Siemsen, que tomará posse em 15 de dezembro, será a revisão do contrato coma BWA. O futuro vice-presidente de marketing Idel Halfen vai exigir garantias para a proteção do torcedor. A empresa poderá ser substituída, caso não haja multa rescisória.

"Caso eles não apresentem as soluções, dentro das medidas legais, posso dizer que, assim como está, não ficará", afirmou Halfen.

Até mesmo ele ficou sem ingresso. Isto depois de ter acompanhado o time em São Paulo, na Bahia, no Paraná. E é daquele estado que o Fluminense vai copiar, mais precisamente do Coritiba, o modelo de fidelidade para atrair sócios e facilitar o acesso aos bilhetes. Ao contrário dos programas de passaporte, a proposta é que o torcedor se associe, mas tenha poder de voto e vantagens na compra.

Avenda pela internet, segundo o novo dirigente, é uma solução,mas não completa, principalmente se a BWA, ou qualquer outra empresa que venha a atender o clube, não se encaixar no perfil de agilidade e comodidade desejado pelo Fluminense. No mundo real, as vendas nas Laranjeiras, com apenas dois guichês do lado de fora, e um interno para os sócios, estão aparentemente com os dias contados.

"Com duas bilheterias não dá mais. A sede virou uma praça de guerra novamente, assim como os demais pontos de venda. O risco de revolta é enorme. E não entendo a dificuldade de vender pela internet", disse Halfen.

Fonte: O Globo