Município descumpre acordo

Repressão e usurpação de direitos. É desta forma que, segundo os técnicos de enfermagem da Maternidade Prof. Leide Morais, a Secretaria Municipal de Saúde vem se comportando diante da greve iniciada pelos servidores semana passada. Eles decidiram paralisar os trabalhos quando receberam os contracheques e visualizaram que os adicionais de insalubridade, adicional noturno, produtividade e gratificação específica de maternidade (Geaon), não haviam sido incluídos.

Esta é a quarta vez que o acordo é descumprido pela Prefeitura de Natal. Como represália, o secretário municipal de Saúde, Thiago Trindade, ameaçou cortar o ponto dos grevistas e ainda transferir cinco profissionais lotados naquela unidade.

“Temos quatro acordos assinados pelos representantes da prefeitura – Kalazans Bezerra (do gabinete civil) e Sylvio Eugênio (secretário executivo) – que não foram cumpridos”, relata a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Natal (Sinsenat), Soraia Godeiro. Os acordos citados por Soraia referem-se apenas às reivindicações dos técnicos da Maternidade Prof. Leide Morais. Há mais de um ano, os profissionais buscam que a prefeitura inclua nos contracheques, o valor das gratificações e demais direitos trabalhistas, o que não é cumprido nem diante dos acordos assinados.

Segundo enfermeiros que trabalham no hospital, o salário recebido atualmente é três vezes menor do que o devido pelo município. “Recebemos hoje R$ 496. Nosso salário bruto deveria ser de R$ 1,6 mil”, avalia o técnico de enfermagem Eugênio Pacelli. Somente da gratificação específica de maternidade, Geaon, os técnicos deveriam receber R$ 525. “A gente se reúne e nada é resolvido. O secretário está nos ameaçando, não nos recebeu na última reunião marcada segunda passada”.

As ameaças citadas por Eugênio Pacelli partiram de Thiago Trindade segundo informações de uma das diretoras do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde), Ana Cristina. “O secretário disse que iria transferir cinco funcionários e cortar o ponto de todos. Isso é coação. Greve é um direito do trabalhador”, analisa Ana. Ela comenta, ainda, que a prefeitura deveria ter publicado o nome dos 37 técnicos que cobram o pagamento dos adicionais no Diário Oficial do Município, porém só publicou o nome de dez.

Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde, a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, recebeu uma comissão formada pelos técnicos da Maternidade Leide Morais durante a inauguração do Ambulatório Médico Especializado (AME), em Brasília Teimosa, e garantiu resolver a situação deles. “A prefeita ficou de publicar as gratificações no Diário Oficial e solicitar uma folha de pagamento complementar. Mas ainda vai confirmar, está apenas prometido”, comenta a presidente do Sindsaúde, Sônia Godeiro. Os técnicos enfatizam que só voltarão a trabalhar quando as gratificações forem, de fato, publicadas.

Atendimento

Apesar da greve desde o dia 26 que culminou na redução do número de técnicos de enfermagem, o atendimento na maternidade segue normalmente. Por dia, 35 mulheres são atendidas nas diversas especialidades do hospital. A técnica de enfermagem Ana Mércia Andrade, comenta que os dois únicos funcionários que estão trabalhando no momento estão sobrecarregados diante da quantidade de atividades que necessitam desempenhar para que todas as pacientes sejam atendidas.

“Temos 16 suítes de parto e uma enfermaria foi improvisada para receber pacientes de cesárea. A clínica cirúrgica não foi aberta por falta de técnicos e somos sobrecarregados”, avalia.

Procurado pela reportagem da TN, o administrador da maternidade, José Batista das Neves, solicitou que todos os questionamentos fossem feitos diretamente ao diretor geral, Yuri Marques, o qual também não se encontrava no local .
 

Jornal Tribuna do Norte