1 milhão de metalúrgicos, petroleiros e bancários prometem greve
Os petroleiros citam versos de João Cabral de Melo Neto — “um galo sozinho não tece uma manhã, ele precisará sempre de outros galos” —, em referência ao que planejam para os próximos dias. Os bancários dizem que “não subtraem, a partir de agora só somam”. Entre os metalúrgicos de São Paulo, a ordem é “esquentar os motores para garantir um resultado melhor”.
Publicado 26/07/2010 13:15
Tanta metáfora só tem um foco: as negociações salariais por conta do dissídio dessas três categorias — que somam quase um milhão de trabalhadores e têm seus sindicatos filiados à CUT. “Vamos fazer a campanha salarial conjunta. Queremos as compensações da inflação e mais 7%. Se não conseguirmos, vai ter greve”, diz o secretário-geral da CUT, Quintino Severo.
No fim de semana, lideranças de todo o País se reuniram no Rio de Janeiro para a 12ª Conferência Nacional dos Bancários. O encontro bateu o martelo na pauta de negociações que a base bancária vai levar aos bancos estaduais e privados. De acordo com Juvandia Moreira Leite, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a proposta é de um reajuste de 10,71% (inflação mais um ganho real de 5%), além de participação nos lucros e resultados.
“No último encontro, perguntamos quem tinha disposição para participar da campanha (salarial) até o fim (a greve)”, lembra Juvanda. Segundo ela, “70% levantaram o braço”. A categoria tem 130 mil filiados.
Já os metalúrgicos fazem assembleias diárias e guardam seus pleitos lacrados. Os líderes do movimento se consideram referência nacional em campanha salarial e guardam a estratégia trancada a sete chaves. O sucesso, dizem, é apresentar as propostas só na mesa de negociação.
Mas o presidente da Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT-SP (FEM-SP), Valmir Marques, ou Biro Biro, adianta que o reajuste “será muito maior” do que o que foi negociado no Rio Grande do Sul. Em maio, para os metalúrgicos gaúchos – que têm a negociação separada de São Paulo –, o aumento foi de 8,75%.
A expectativa da categoria é conseguir ao menos 12% de reajuste. “O metalúrgico sempre soube buscar seus objetivos. Em cinco minutos conseguimos parar uma fábrica”, diz Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Os petroleiros vão se reunir no dia 10 de agosto em assembleias em todo o país em defesa de sua “pauta histórica”. Para o diretor jurídico do Sindipetro-RJ, Edison Munhoz, as paralisações neste ano são praticamente inevitáveis.
Uma extensa lista de reivindicações, com 197 cláusulas econômicas e sociais, foi entregue à Petrobras. As reivindicações vão desde o pedido de aumento com base no maior índice inflacionário (seja o INPC ou IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, seja o ICV, do Dieese), 29% de perdas do Plano Real e até o pagamento de dias descontados de empregados que participaram de greves em 1994, 1995 e 2010.
Da Redação, com informações da IstoÉ