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Dustin Hoffman boicota festival de cinema de Jerusalém

Dustin Hoffman, o anti-herói mais atraente da história do cinema americano, é uma das personalidades que boicota o festival internacional de cinema que abriu as suas portas nesta quinta-feira (8) em Jerusalém.

Em declaração ao Jerusalem Post, o chefe da mostra internacional, Molad Hayo, indica que a atriz americana Meg Ryan, outra estrela de Hollywood, também não se deslocará até Israel.

O príncipe Albert de Mónaco, convidado no âmbito de uma homenagem do festival à sua mãe, a falecida Grace Kelly – que, seja dito de passagem, teve gestos de solidariedade para com os combatentes da independência argelina, no final dos anos 1950 – também desistiu.

"Nenhuma dessas personalidades nos deu oficialmente motivos para esses cancelamentos. Mas fomos avisados logo no dia a seguir ao ataque contra a flotilha e é evidente que existe uma relação de causa a efeito entre esses acontecimentos", comentou Hayo.

Molad Hayo queixa-se. Argumenta a favor da sua actividade "que tem o mérito de ter posto em contato desde há vários anos cineastas palestinos e israelenses". Mas é no entanto obrigado a constatar que o mundo cultural israelense, a partir do momento em que se coloca sob a alçada do Estado de Israel – o que é evidentemente o caso do festival –, não se pode alhear dos crimes do seu governo.

A não ser demarcando-se abertamente, o que fazem vários intelectuais israelenses corajosos, mas não Hayo.

Com 73 anos de idade, Dustin Hoffman ganhou a partir de 1970 uma popularidade imensa por interpretar na telona personagens antípodas do herói de Hollywood tradicional, que são os cowboys musculosos a matar índios "peles-vermelhas" ou soldados valentes triunfando sobre astuciosos homenzinhos amarelos com cabeça de macaco que eram os japoneses.

De "Little Big Man" a "Tootsie", passando por "Macadam cow-boy" ou "Rain Man", Dustin Hoffman tornou-se assim, aos olhos de milhões de espectadores, o mais glorioso dos perdedores da sociedade: Índios sobreviventes do genocídio, sem-teto, doentes, desempregados, etc.

Dustin Hoffman é de origem judaica e em entrevistas recentes declarou que com a idade, a sua prática da religião se fazia mais assídua. Isso não impedirá muitos de o tratarem de antisemita, como o "são" todos os que criticam a política israelense.

Artigo traduzido pelo Comitê de Solidariedade com a Palestina, no Esquerda.net.