Portugal terá jornada de luta com Pacto para o Emprego na agenda
A CGTP convocou manifestações, greves e comícios para quinta-feira (8), como forma de contestar o aumento da precariedade nas relações trabalhistas, o crescimento do desemprego e os cortes nas políticas sociais e econômicas do governo.
Publicado 07/07/2010 16:01
"Queremos que este dia seja um sinal de protesto e de luta contra as políticas do Governo e que ao mesmo tempo seja um sinal de aviso para o patronato e o PSD, contra qualquer intenção que tenham de alterar a legislação laboral no sentido de a flexibilizar mais", disse Arménio Carlos, da Comissão Executiva da Intersindical.
A CGTP pretende que as ações de protesto, sob a forma de manifestação ou comícios, tenham expressão em todas as capitais de distrito portuguesas, incluindo regiões autônomas. Para Lisboa, estão convocadas concentrações dos funcionários da Administração Local e uma manifestação que terminará junto ao Palácio de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro.
O protesto desta quinta foi marcado na sequência da adesão à manifestação de 29 de maio, quando milhares de pessoas marcharam pela Avenida da Liberdade, em Lisboa, contra as medidas de austeridade.
CP admite atrasos e cancelamentos de trens
Existem pré-avisos relativos à paralisação de diversos setores, para facilitar a presença dos funcionários nas manifestações e comícios, ou em empresas onde existem situações de congelamento de negociações. O setor ferroviário foi um dos que emitiu pré-avisos de greve de 24h.
"Consideramos que é preciso lutar em cada empresa porque os trabalhadores enfrentam uma forte ofensiva", defendeu um dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário, que convocou a paralisação.
A CP admite que a greve vá provocar "alguma perturbação" na circulação de trens e metropolitanos, prevendo maior impacto na região da cidade do Porto, onde se deverão registrr "bastantes atrasos e supressões". A empresa acrescenta que irá disponibilizar transporte rodoviário alternativo.
CGTP vincula debate do Pacto para o Emprego com reformulação de medidas
A Intersindical e o Ministério do Trabalho tiveram nesta quarta-feira a primeira reunião a propósito do Pacto para o Emprego, depois do secretário-geral da UGT ter sido recebido na terça pelo governo.
"Insistimos com o governo que uma discussão de qualquer pacto para o emprego só alterando pressupostos de partida, porque senão não dá", comentou o secretário-geral da CGTP, após um encontro com a ministra do Trabalho e da Solidariedade Social.
A Intersindical avisa que só voltará ao debate quando o Executivo reformular, e em muitos casos, anular medidas económicas apontadas no âmbito do PEC. "Apresentamos uma sistematização mais apurada de um conjunto de propostas que já fizemos, chamando a atenção para aspectos absolutamente fundamentais", acrescentou Carvalho da Silva.
"As medidas apontadas pelo governo no PEC são limitadoras do crescimento econômico e apontam não para o aumento do emprego, mas para a diminuição do emprego, quer no setor privado quer no setor público", defendeu o sindicalista.
As mesmas questões colocam-se à área social, "porque estamos perante um agravamento da crise e não a sair da crise, e não se justifica os cortes feitos na proteção aos desempregados, na proteção a camadas da sociedade que estão mais desprotegidas", sublinhou.
"Chamamos a atenção para uma questão fundamental: se se quer uma contribuição séria dos trabalhadores para a alteração do modelo de desenvolvimento da sociedade e da economia e também para a competitividade e produtividade das empresas, há um instrumento indispensável, que é revitalizar a contratação colectiva", sublinha Carvalho da Silva.
PCP apela à contestação
No segundo e último dia da visita a Atenas, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Souza, defendeu a importância de os trabalhadores se expressarem contra as medidas. Jerónimo de Sousa afirma, na véspera do dia nacional de protesto da CGTP, que Governo e PSD "não passarão incólumes".
A paralisação em Portugal coincide com uma nova greve geral na Grécia, também motivada pelas medidas de combate à crise.
Jerónimo esteve durante dois dias em Atenas a convite do Partido Comunista Grego, em que pretendeu "aprofundar o conhecimento da situação na Grécia e da luta dos trabalhadores e do povo grego face à ofensiva das medidas de austeridade do governo do Pasok, implementadas com o apoio da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional".
Da redação, com agências