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França investiga financiamento suspeito na campanha de Sarkozy

A Justiça francesa abriu nesta quarta-feira (7) inquérito para investigar a suspeita de financiamento ilegal da campanha do presidente francês, Nicolas Sarkozy, em 2007. Claire Thibout, ex-contadora de Liliane Bettencourt, herdeira do grupo L’Oréal e uma das maiores fortunas francesas, afirmou que o atual ministro do Trabalho, Eric Woerth, recebeu 150 mil euros em doações irregulares para a campanha de Sarkozy.

A abertura da investigação coincide com novas revelações no suposto caso de contribuições ilegais ao partido União por um Movimento Popular (a governamental UMP) feitas pelo jornal Le Monde.

O jornal assegura em sua edição de hoje que a polícia encontrou provas da retirada de 50 mil euros de um caixa automático e cujos dados correspondem com a quantia supostamente fornecida a Woerth.

A Brigada de Repressão da Delinquência (BRDP, na sigla em francês) rastreou a movimentação. A prática é ilegal no país e as doações não podem ser feitas em dinheiro.

Sarkozy negou e chamou de "calúnia" a acusação. Para ele, Woerth está sendo vítima de calúnia "sem o menor embasamento". Durante uma ida a uma clínica e após resistir às perguntas dos jornalistas sobre a acusação, Sarkozy se limitou a fazer um comentário genérico.

"Eu gostaria que o país se apaixonasse pelos grandes problemas, pela organização da saúde, a previdência, por como criar crescimento econômico", em lugar de acreditar "na primeira calúnia", disse.

Woerth, cuja renúncia é vista como iminente pela imprensa francesa, também negou terminantemente ter recebido dinheiro ilegal da herdeira da L’Oréal.

Polêmica

No Palácio do Eliseu nem os membros do governo entraram no mérito das acusações, à espera que Sarkozy decida a forma e o momento – segundo os meios de comunicação locais nos próximos dias -, e se limitaram a negar categoricamente tudo e a denunciar que a oposição aproveita o momento para desacreditar o Executivo.

A porta voz da oposição socialista, Benoît Hamon, pediu a renúncia de Woerth por uma "confusão entre os interesses públicos e privados", em alusão às suspeitas de que, como responsável da política fiscal entre 2007 e 2010, ele deu um tratamento de graça a Bettencourt, para quem sua esposa trabalhava como assessora na gestão de sua fortuna.

Um artigo publicado hoje no jornal L’Humanité considera as acusações feitas a Sarkozy de "muito graves e precisas" para serem tratadas com desdém ou arrogância". Para evitar a crise de confiança que se desenha, escreve hoje o Le Figaro, Sarkozy tem que falar e se defender destes ataques.

Fonte: Opera Mundi