Fusões e aquisições batem recorde, diz KPMG
O número de fusões e aquisições no Brasil ou envolvendo empresas brasileiras no exterior alcançou a marca recorde de 351 transações na primeira metade deste ano, superando em 77,3% o total de igual período de 2009 (198). Antes disso, o maior volume de transações em um primeiro semestre havia sido apurado em 2008, quando 327 negócios foram concretizados.
Publicado 06/07/2010 19:59
O indicador reflete o processo de crescente concentração e centralização do capital que caracteriza o desenvolvimento das economias modernas, resultando na formação de empresas gigantescas, progressiva monopolização da produção e acirramento da competição e dos conflitos comerciais no mundo.
Desnacionalização
No Brasil, o processo de fusões e aquisições de empresas também provoca uma maior desnacionalização da economia.
O resultado deste ano foi puxado pelas operações entre empresas brasileiras, que somaram 161 acordos nos seis primeiros meses do ano, com alta de 66% na comparação anual, conforme mostra um estudo divulgado pela KPMG.
No entanto, Luís Motta, sócio da consultoria no Brasil, destaca que o balanço revela um retorno do capital estrangeiro no processo de consolidação. De janeiro a junho, a compra de companhias brasileiras por investidores de fora acumularam 77 transações, sendo 56 delas apenas entre abril e junho – um recorde no trimestre, considerando a série histórica iniciada em 2004, quando a KPMG passou a ter esse detalhamento .
Com 20 acordos, as empresas dos Estados Unidos foram as que mais compraram no período, seguidas por França e China, que somaram oito operações de compra cada. Também em destaque, os grupos alemães realizaram seis compras de companhias brasileiras na primeira metade do ano.
Infraestrutura
"O Brasil está na rota dos investimentos e na rota do crescimento", afirma Motta, acrescentando que a próxima onda de fusões e aquisições será no setor de infraestrutura, em virtude das necessidades de investimento do país nesta área ao longo dos próximos anos.
Como mostra o estudo, os estrangeiros avançam com maior agressividade nos setores de tecnologia da informação, publicidade, sucroalcooleiro, energia e mineração. Juntos, esses segmentos responderam por 39 transações de compra realizadas no Brasil por grupos do exterior com empresas de capital nacional.
Multinacionais brasileiras
Para Motta, o momento positivo da economia brasileira atrai o interesse internacional, após um período de maior cautela nos negócios, em razão da crise financeira.
O levantamento revela ainda um avanço no processo de internacionalização das empresas brasileiras, que já fizeram 38 aquisições no exterior, bem acima das 12 transações dos seis primeiros meses de 2009.
Segundo Motta, o movimento de fusões e aquisições deverá fechar o ano com mais de 710 transações e confirmar o recorde histórico, superando as 699 operações de 2007. "Esse número é bastante factível se considerarmos um ritmo de 60 transações por mês, o que é uma previsão conservadora", afirma.
Da redação, com informações do Valor