Parintins para além do Boi Bumbá
No final de semana passado, encerrou-se mais um festival folclórico de Parintins, um dos maiores espetáculos culturais do mundo produzido por homens e mulheres amazônicos. Esse ano, a transmissão de qualidade em cadeia nacional deixou a festa ainda mais conhecida. E certamente milhares de novas pessoas puderam conhecer a genialidade do homem amazônico expressa nas fantasias, toadas, carros alegóricos e outros itens do folclore. Parintins, no entanto, é muito mais do que isso.
Publicado 01/07/2010 20:30 | Editado 04/03/2020 16:12
O município do Caprichoso e do Garantido é, depois de Manaus, o que mais oferece vagas no ensino superior. Lá estão campis da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e do Instituto Federal do Amazonas (IFAM). Até mestrado já tem. Isso torna Parintins município pólo da região do Baixo Amazonas. Para lá se dirigem, anualmente, dezenas de jovens de municípios adjacentes a fim de ingressarem na universidade.
A efervescência de idéias também é um diferencial. Na praça em frente ao bumbódromo, local onde se apresentam as duas agremiações folclóricas, é possível encontrar bancas com venda de livros. Bancas de revistas e até livrarias são encontradas em outros pontos da cidade. Na UFAM, existem jovens que lêem, escrevem e falam de haicai. Comparado a municípios próximos, que não consomem nem tira de papel com mensagens bíblicas, isso é espetacular. Em plena selva amazônica, então, nem se fala!
Em 2009, Parintins recebeu o Flifloresta, festival de literatura promovido por uma livraria do estado que leva renomados autores nacional e internacional para discutirem assuntos diversos, lançarem livros, etc. A quantidade de pessoas que participaram das atividades durante o evento e as que qualificaram as discussões surpreenderam os organizadores.
Mas nem só de leituras despropositadas vivem os parintinenses. Dos 61 municípios do interior do estado, lá é onde as organizações da sociedade civil atuam com mais freqüência. Embora isso ainda não tenha sido suficiente para superar defasagens básicas, as precariedades são enfrentadas com manifestações, jornais populares e enfrentamento social. Não à toa, é em Parintins que temos a UJS municipal mais consolidada, junto com a do município de Manacapuru.
Nessa maquete da capital, entretanto, é facilmente perceptível a carência do homem amazônico. A engenhosidade do Boi Bumbá e a forte abstração já presente em centenas de habitantes locais contrastam com a ausência de elementos mínimos para a sobrevivência.
Em vários bairros, multiplicam-se residências de um só compartimento. Muitas casas são de madeiras fincadas em chão de bairro sem preparo algum para aplanar o terreno. A geração de empregos ainda se dá majoritariamente pela prefeitura, que se utiliza disso para frustrar maiores questionamentos públicos.
Os milhares de reais que aportam na cidade por conta da festa dos bois são desconhecidos pela grande maioria da população. Ao povo o saldo que fica é a prostituição de suas crianças, jovens e adolescentes. Bastante fortalecida nos dias do festival. Rotas do tráfico de drogas consolidadas e novas que se criam. E o desespero dos profissionais da saúde, que contemplam o aumento de suas demandas sem ter muito o que fazer.
Após o festival folclórico, a baixa perspectiva da grande maioria dos jovens, fruto da ausência de oportunidades para se desenvolverem, levam os visitantes ouvirem as batidas das toadas em tom de melancolia. E enxergarem o colorido dos dias da festa em cinza.
Nesse município que tem um membro do PSDB à frente da prefeitura e que faz campanha aberta a Arthur Virgilio, cabe a UJS utilizar a mesma tática que a direita usa nacionalmente para contrapô-los e conquistar mais benefícios ao povo local. Da mesma que os tucanos querem apenas pautar o pós-Lula, negando o comparativo de gestões, Parintins precisa discutir o pós-festa.
Por isso, iremos nos apresentar com cara própria nessa eleição, mobilizar os parintinenses em torno do Pacto da Juventude com respostas as demandas particulares da região, comprometer a população com o avanço da plataforma mudancista expresso na candidatura de Dilma Roussef para, com isso, fazer a alegria junina ser constante nos 12 meses do ano.
Avante UJS. A festa progressista não pode parar!!!
Fonte: União da Juventude Socialista (UJS)