Serra tenta fazer de Kassab a moeda de troca do DEM

Ex-vice de Serra, Kassab herdou a Prefeitura de São Paulo de Serra e, com ela, a confiança do presidenciável tucano.

Sem nunca ter ocupado um cargo de destaque antes de herdar a Prefeitura de São Paulo, em 2006, Gilberto Kassab (DEMO) tem exercido o papel de “fiel escudeiro” do candidato José Serra (PSDB) no DEM. Foi ao ex-vice, por exemplo, que Serra teria recorrido para tentar conter a crise instalada na aliança após a indicação de Alvaro Dias (PSDB) como parceiro em sua chapa presidencial.

Para fontes ligadas ao DEM, seria improvável que Serra indicasse Dias sem antes consultar diretamente Kassab, passando por cima até mesmo do presidente da sigla, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se rebelou contra a chapa “puro-sangue” justamente por não ter sido ouvido. O vazamento do nome de Dias, feito pelo Twitter de Roberto Jefferson (PTB), revoltou Maia.

Presidente do conselho político do partido, Kassab ganhou força entre os demistas a partir da renovação da legenda, em 2006, que repaginou o extinto PFL e elevou nomes novos a cargos de liderança, como o próprio Maia e o deputado federal ACM Neto (DEMO-BA). Sua vitória na eleição de 2008 pale prefeitura de São Paulo, umas das únicas de expressão conquistadas pelo partido, consolidou seu papel de liderança interna.

Em maio, durante o lançamento da pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo de São Paulo, Serra, em ato falho, saudou Kassab como o presidente da sigla. Ao corrigir, porém, revelou a força de Kassab no partido.

Bombeiro

Cumprindo seu papel de destacada sombra de Serra, Kassab tem atuado como um dos “bombeiros” da crise e participa ativamente da negociação sobre o vice. Foi, inclusive, o anfitrião da primeira reunião entre Serra e os líderes partidários na última segunda-feira (28/6) para definir a questão. O encontro aconteceu em seu apartamento, no Jardim Europa, na zona oeste de São Paulo.

Há controvérsias

Um dos principais críticos à quebra do acordo na aliança de oposição, o deputado Ronaldo Caiado (DEMO-GO) minimiza o poder de Kassab no partido e diz que a interlocução com os tucanos é feita pelo presidente do partido. "Essa interlocução DEM e PSDB é feita pelo [Rodrigo] Maia."

Em mais um capítulo da tragicômica novela sobre a escolha do vice, o DEMO deixou para sua convenção nesta quarta-feira (30/6) a decisão se deixa ou não a aliança pró-Serra. Nem mesmo a intervenção do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), convocado de última hora para uma reunião em São Paulo, levou os dirigentes dos dois partidos a um consenso.

Independentemente da solução encontrada, tanto DEMO quanto PSDB não terão muito o que comemorar após tantos desgastes e fissuras, que já conseguiram abalar o casamento de anos das duas siglas.

Da redação, com R7