Polícia Civil fecha 125 emisssoras em SP
ABRAÇO Identifica o fechamento de 125 emissoras pela Polícia Civil no Estado de São Paulo. Dados são alarmantes e mostram disposição política do Governo do Estado em atuar na defesa do monopólio da comunicação.
Publicado 30/06/2010 12:30 | Editado 04/03/2020 17:18
Um rastreamento na internet, realizado pela Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária Regional São Paulo, nos sites das empresas de comunicação da capital e interior, detectaram o fechamento de 125 rádios no estado realizado pela polícia Civil.
Segundo a ABRAÇO – SP, o número de ações pode ser 30% maior, pois existem um grande número de policiais que se sentem constrangidos de realizar operações desta natureza, e ao realizarem por ordens superiores, não as divulgam.
Somente em 4 operações haviam mandado judicial para a realização das operações e na maioria delas, os representantes da polícia alegavam radiointerferências sem contudo, apresentar laudo pericial que comprovassem as denúncias ofertadas pelos agentes de repressão.
Os dados coincidem com o início das operações de duas empresas especializadas no rastreamento de emissoras, cujos clientes são as grandes emissoras comerciais filiadas a ABRA e ABERT, que rastreiam e denunciam as ações junto a polícia Civil.
Segundo Jerry de Oliveira – Coordenador Sudeste da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária “existe uma linha política de atuação desta empresa junto ao alto comando da Polícia Civil e as respostas dadas ás autoridades segue um padrão determinado, é como se as respostas fossem ensaiadas, pois as desculpas de interferências seguem na mesma linha. É como se fosse editada uma cartilha para as justificativas de fechamento. Isso mostra uma determinação política em criminalizar a liberdade de expressão”.
As empresas que prestam serviços as emissoras comerciais utilizam sites especializados em rádios e oferecem este tipo de serviço às emissoras comercias, que pode ser visualizado na Internet através do site: www.tudoradio.com.
Em uma conversa de dirigentes da ABRAÇO – SP com esta empresa, foi detectado que existem 2 tipos de serviço, sendo o primeiro deles de apenas o rastreamento de emissoras, e a entrega da documentação às autoridades competentes (no caso a ANATEL) e o segundo serviço, de um valor muito maior, para o rastreamento e fechamento imediato com a ajuda de policiais Civis.
A ABRAÇO – SP já solicitou junto à representantes da Assembléia Legislativa do estado de São Paulo, uma audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos para apurar denúncias das ações conjuntas de policiais civis, empresas de comunicação e agentes da Anatel que atuam junto com esta empresa.
O outro lado
Segundo a ABRAÇO SP, foram pesquisadas 93 matérias sobre o fechamento destas emissoras, e em apenas quatro delas, as equipes de reportagem lembraram um dos princípios do bom jornalismo, ou seja, ouvir o outro lado, o que mostra que as ações de fechamento de rádios que são pautadas pela mídia, possuem um objetivo de apenas mostrar o lado do opressores.
Também foi verificado pela ABRAÇO – SP, que todas as matérias publicadas na mídia, estão inseridas nos cadernos policiais dos jornais ou nos blocos de TV e Rádios das Grandes emissoras, o que descaracteriza as emissoras como um problema político, mas sim uma tentativa de criminalização.
Para a ABRAÇO – SP, isso mostra que as propostas apresentadas na Conferência de Comunicação, como a ANISTIA, o fim da Repressão e a descriminalização que foram aprovadas também pelo setor empresarial da mídia não passa de uma performance política que em nada corresponde com a realidade atual.
Fonte: Jornal dos Trabalhadores