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Com apoio de 11 partidos, Mercadante é lançado ao governo de SP

Na presença de 10 mil pessoas e ao som do jingle “Mercadante governador / A gente vai crescer junto com você / Mercadante governador / Agora é nossa vez de vencer”, o PT oficializou neste sábado (26) a candidatura do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo. “O que deu certo com Lula lá vai dar certo comigo aqui”, enfatizou o petista em vários momentos de seu discurso, enaltecendo os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Convenção do PT-SP

Formada por 11 partidos (PT, PCdoB, PDT, PSDC, PTN, PRP, PTdoB, PR, PRB, PPL e PRTB), a chapa de Mercadante terá o professor da USP Antonio Clóvis Pinto Ferraz (PDT), o Coca Ferraz, como vice-governador, além da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e do vereador Netinho de Paula (PCdoB) como candidatos da chapa para o Senado. Num centro de convenções na zona norte da capital paulista, sob aplausos, eles participaram da convenção petista, assim como três ministros do governo Lula – Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Luiz Barreto (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).

Durante o evento, o PT divulgou uma publicação com os 13 eixos que estarão contemplados no programa de governo do partido – que será lançado em agosto. Organizado em três partes, o documento analisa as ações e políticas construídas no governo Lula e os desafios e propostas que a candidatura petista defenderá para "Mercadante mudar São Paulo, como Lula mudou o Brasil".

Sobre esse programa, Mercadante ressaltou propostas para transporte, saúde, educação e segurança. Em seu discurso de 45 minutos, o candidato prometeu melhorar em dois anos a qualidade dos trens da CPTM aos do Metrô. Ressaltou também a necessidade de recuperar o sucateado transporte ferroviário no estado e falou em criar um fundo de aceleração do sistema de transporte.

Outra ideia do senador é que o Estado banque o atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em horários alternativos em clínicas e hospitais particulares. “Tratamentos de alta complexidade terão assistência do SUS durante a noite e aos finais de semana.”

Na educação, área chamada por Mercadante de “porta para o futuro”, o professor será o foco. “Se quisermos falar de Educação nós precisamos olhar o professor. O professor é o único caminho para que a gente tenha Educação de qualidade. Vamos avançar na escola com tempo integral para que essas crianças voltem a fazer esporte e cultura.”

Se eleito, o candidato também pretende promover policiamento comunitário e patrulha em escolas. “A Segurança Pública vai estar associada aos Direitos Humanos, a começar pela escola. Vou construir guarda de proteção escolar, na porta da escola, para impedir as drogas. Não vai ter traficante dentro de colégio no meu governo. Vamos pagar um salário digno à Polícia de São Paulo.”

Netinho

Durante o lançamento da candidatura, o PT exibiu, em telão, uma mensagem da candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) à militância: “O Brasil é hoje um país muito diferente. Somos, sobretudo, um país honrado, de cabeça erguida. O Brasil conquistou tudo isso quando escolheu o presidente Lula. E eu peço que vocês deem uma chance para o Mercadante também fazer essas mudanças”.

A ex-ministra deu apoio também a Netinho e Marta. "Preciso do Mercadante aqui em São Paulo me ajudando. Da Marta e do Netinho no Senado, para que eu possa ter governabilidade para dar continuidade aos nossos projetos.”

Quebrando o protocolo, Netinho disse, em seu discurso, que não citaria o nome de todos os aliados presentes “porque aqui é tudo mano, aqui é tudo festa”. Acompanhado pela bateria de uma torcida organizada do Palmeiras, a Mancha Verde, ele também subiu ao palco para cantar Cohab City (“Vai ficar legal, pagode na Cohab no maior astral”), um grande sucesso do grupo Negritude Júnior na década de 1990.

Netinho contou que, dois meses atrás, olhou para um painel com as fotos de Lula, Dilma, Marta e Mercadante. Diante da imagem, pensou que a campanha “estava precisando dar uma escurecida”. E emendou, na convenção: “Como é que essa política vai mudar se nunca tem um preto disputando um cargo majoritário? Como vai mudar se não tiver representação do povo do gueto? Por que o negro não pode?”.

Ao se dirigir diretamente aos excluídos da política – “Quem é do gueto levanta a mão” –, o senador disse estar no meio do povo. Por fim, apontou um painel instalado no fundo do centro de convenções em que, afinal, aparecia na foto oficial ao lado das lideranças petistas. Sua reivindicação estava cumprida.

Outros discursos

Na mesma linha do companheiro de chapa, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy disse que São Paulo tem a chance neste ano de eleger pela primeira vez um negro e uma mulher para o Senado e para a Presidência. “Mal da garganta”, como explicou, ela usou parte do seu discurso para desmascarar o governo do PSDB, que há 16 anos governa o estado de São Paulo.

Ela lembrou o episódio em que policiais civis e militares entraram em conflito durante uma greve promovida pelos primeiros durante a gestão Serra e disse que “ninguém mais acredita na situação da educação de São Paulo”. Afirmou ainda que a exclusão do estádio do Morumbi da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, ilustra a decadência paulista. Quase no fim, disse para Mercadante: “Você vai fazer nosso estádio acontecer em São Paulo. Eu e Netinho estaremos cuidando desse estádio no Senado”.

Já a presidente estadual do PCdoB, Nádia Campeão, fez um discurso confiante na vitória. “Iniciamos aqui nossa jornada vitoriosa. Temos todos os ingredientes para vencer neste ano”. O ministro Orlando Silva, também do PCdoB, brincou que a campanha tucana se assemelha à confusa seleção francesa, que saiu da Copa do Mundo ainda na primeira fase e agora colhe os cacos. “O lado de lá vive batendo cabeça, parece a França. A seleção do povo vai dar uma goleada no time dos tucanos.”

O vereador Carlos Apolinário, perseguido pelo DEM por declarar voto em Mercadante, reafirmou seu apoio e não poupou elogios ao presidente Lula. “Em 2002, eu não votei no Lula por preconceito. Eu errei. Ele é o melhor presidente que o Brasil já teve. Se o Lula fosse candidato de novo, eu votaria nele. Mas, como ele não vai concorrer, o meu voto vai para a Dilma. Quando Mercadante for eleito, vamos trazer o governo do Lula para São Paulo. É hora de colocar os tucanos para fora”.

Da Redação, com agências