Recado de Lula a FHC: "Não darei palpite no governo do sucessor"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu indiretamente ao seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. A partir da meia-noite do dia 31 de dezembro "vou para casa descansado e não darei palpites no futuro governo", disse Lula nesta terça-feira (9) em entrevista para rádios de Governador Valadares (MG). Os ataques de FHC ao governo Lula foram vistos como um tiro no pé pela maioria dos observadores do bloco oposicionista-midiático.
Publicado 09/02/2010 20:07
"Vou continuar viajando até o dia 31 de dezembro à meia-noite. Até lá, a festa é minha. A partir da meia-noite, começo a me concentrar, vou desligando todos os neurônios e, de manhã passo, a quem é de direito. Vou fazer muita força para fazer a minha sucessora. Aí, vou para casa descansado e não darei palpites no futuro governo. Vou voltar a jogar uma bolinha, encontrar com os meus amigos, levar uma vida normal", disse Lula.
Comparação com o futebol
No fim de semana, Fernando Henrique acusou Lula de “tosco”, “mentiroso e dissimulado”, e ainda de agir como um "ventríloquo", comparando a virtua candidata presidencial do governo, a ministra Dilma Rousseff, a um "boneco". Lula respondeu tirando partido do mau momento vivido pela oposição, e usando uma de suas usuais comparações com o futebol:
"Quando um partido de oposição não tem o que propor e não tem o que discutir fica difícil a posição deles. Então, tentam impedir que o outro time jogue. Nossos adversários estão como aquele time mais frágil que tenta parar [a outra equipe] no tranco, fazendo falta. Não tem como competir e começa a dizer que o presidente está viajando. O que que eles queriam que eu fizesse. Que eu ficasse sentado em Brasília?"
O presidente também explicitou na entrevista que "a companheira Dilma vai continuar viajando comigo até o dia que a lei exigir que ela se afaste. Quando ela se afastar, aí vai cuidar da vida dela como candidata. Enquanto ela for ministra, vai trabalhar como ministra e vai viajar o Brasil, porque foi ela que organizou as obras do PAC. Não tem sentido agora esconder a Dilma", afirmou.
Elogio a Alencar "pensar alto"
O presidente comentou com ironia o fato de ter recebido o prêmio "Estadista Global", do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça – o chamado Fórum dos Ricos. "Obviamente que fico lisonjeado quando recebo o prêmio do Le Monde, do El País e em Davos. Porque essa gente em 2003 queria ver o diabo e não queria me ver. Tinham medo da minha barba, do meu cabelo, do meu discurso. Será que esse barbudo vai afundar o Brasil? Será que esse sindicalista vai quebrar com o país? Bom, taí o resultado", comentou.
Falando a rádios mineiras, o presidente estimulou o projeto de seu vice, José Alencar, concorrer como candidato de unidade da base ao governo de Minas. Elogiou Alencar por estar "pensando alto".
Menosprezando os problemas de saúde de Alencar, que luta há 13 anos contra o câncer, o presidente encorajou-o. "Ele está maravilhosamente bem. Eu queria estar como ele. Ele está pensando alto. Acho legal porque é essa coisa que faz a gente vencer a doença. Ele está muito animado, muito disposto. Vamos ver o que ele vai decidir fazer."
Da redação, com agências