Racismo nos Estados Unidos: O professor mudará de tom?
Agora, depois de Henry Louis 'Skip' Gates’ Jr. ter experimentado na pele uma pequena gota do que os negros pobres vivem diariamente nos EUA, será que o professor mudará de tom? Fato é que, mesmo naquele encontro entre professor e policial, a coisa não foi, com ele, como é com outros negros nos EUA.
Por Ishmael Reed, para o site Counterpunch.
Publicado 30/07/2009 18:05
Se um negro, em bairro pobre de qualquer cidade dos EUA, tivesse hesitado ao identificar-se para um policial, ou se respondesse com maus modos ao policial, o mais provável é que o policial chamasse o Comando Especial SWAT. Oscar Grant, 22 anos, negro, empregado de um açougue, respondeu enviesado a um policial civil em Oakland e foi morto a tiros.
Dado o que Gates tem escrito e dito desde o final dos anos 80, se eu fosse o policial que o prendeu, e o professor intelectual pós-racial me acusasse de racista, eu o faria provar o próprio veneno. Teria respondido que "o racismo não existe, professor Gates. Raça é um 'constructo social'" – exatamente o que o professor e seus colegas repetem sem parar há vinte anos.
Será que, depois dessa experiência, Gates vai parar de atribuir os problemas dos que vivem nos bairros pobres ao comportamento "das avós de 35 anos que vivem nas favelas"? (Foi o que Gates disse, quando tentou comparar-se ao ganhador do Prêmio Nobel (1986), Wole Soyinka, como se o caso Gates e o caso Soyinka fossem iguais. Soyinka criticara um ditador nigeriano, foi preso e várias vezes ameaçado de morte.)
Antes do final dos anos 80, as exortações de Gates ao tratamento 'carinho & linha-dura' [no original: tough love exhortations] visavam ao racismo nos salões acadêmicos. Naquela época, passou a adotar o argumento das intelectuais feministas, segundo as quais o racismo seria problema dos homens negros. Karen Durbin, que o contratou para escrever para The Village Voice, é responsável por ter inventado Gates como "intelectual público".
Depois, Gates foi indicado por Rebecca Penny Sinkler, ex-editora de The New York Times Book Review, para escrever sobre autores (homens) negros. Em trabalho sob vários aspectos muito estranho, Gates concluiu alguma coisa próxima de: as escritoras (mulheres) negras são boas, mas não por méritos delas; são boas, porque os escritores (homens) negros são péssimos. Foi em resposta a um artigo de Mel Watkins, ex-editor do caderno de resenhas, que escrevera para alertar sobre tendência que, então, excitava as caixas registradoras das editoras: livros que se podem descrever como melodramas de segunda, em que mulheres brancas, puras e santificadas eram perseguidas por homens, negros, crueis e opressores, o tipo de imagem dos irmãos divulgada por Thomas Nelson Page e Thomas Dixon, romancistas confederados.
Gates desqualificou vários escritores negros – entre os quais eu –, que acusou de misoginia; falou mal dos meus livros por todos os EUA e pela Europa. Até que Bill Clinton foi apanhado em ato de exploração sexual de uma jovem; Gates, então, disse ao Times que "poria a mão no fogo por esse presidente". Muitas feministas, como Gloria Steinem, por exemplo, também defenderam Clinton, apesar de terem escrito durante anos a fio sobre mulheres que são vítimas de machos chovinistas com poder – praticamente os mesmos que sempre financiaram a revista Ms.[para conhecer, ver http://www.msmagazine.com/].
Não estou dizendo que retratos de negros devam ser uniformemente positivos – vários dos meus personagens não são exemplo de boa conduta moral –, mas a maioria dos roteiristas de cinema, diretores e produtores brancos que filmam esse tipo de material – e os professores e críticos que o divulgam – nada dizem sobre abuso contra mulheres brancas por brancos. Além disso, Alice Walker, Tina Turner e outras personagens já reclamaram de que, em mãos de roteiristas, diretores e produtores brancos, os negros tornam-se mais sinistros do que nos textos originais.
As apostas são altas, entre os que promovem essa cultura. Atualmente, dois estúdios disputam os direitos de um filme, "Push", sobre um pai negro que engravida a filha analfabeta, no Harlem. Representante de um desses estúdios declarou ao Times que o filme será, para qualquer estúdio que o leve às telas, "uma mina de ouro de oportunidades".
Como exemplo do duplo viés sob o qual brancos e pretos são tratados na sociedade norte-americana, praticamente no mesmo momento em que foi publicado o artigo de Gates sobre a misoginia negra, apareceu um artigo sobre escritores judeus norte-americanos: praticamente só autores homens; mencionaram-se pouquíssimas autoras, mulheres.
Gates também foi pressionado por ter-se imposto como cabeça do mundo feminista negro; nas palavras da feminista Michele Wallace, por ter querido aproveitar a onda de vendas de estudos sobre o feminismo negro; como Wallace escreveu no Voice, Gates teria problemas não resolvidos com a mãe, já falecida, que, segundo Gates, seria nacionalista negra. As feministas negras quiseram aproximar-se dele. E Gates convidou-as para participar de seu projeto para a antologia Norton.
Assim nasceu a Norton Anthology of African American Literature. Uma das editoras foi a professora feminista, já falecida, Dra. Barbara Christian. Barbara disse-me, reclamando, até quase o dia em que morreu, que ela e a também falecida Nellie Y. McKay, também editora, fizeram todo o trabalho, praticamente sozinhas; e que Gates apenas assinou e colheu as glórias. Esse parece ser padrão de atitude, em Gates: arranjar gente que trabalhe para ele. A revista Mother Jones acusou-o de explorar os escritores que trabalharam sob sua diração na produção da Encarta Africana, por manter quase um campo de tortura acadêmica e por insistir em não contratar negros. Julian Brookes, da revista Mother Jones, escreveu:
“Henry Louis Gates Jr. sempre falou muito sobre ação afirmativa. O ilustre professor de Harvard sempre disse que não estaria onde hoje está, sem as políticas de ação afirmativa. Estranho, portanto, que, quando se tratou de organizar a equipe para editar uma enciclopédia da história dos negros, Gates tenha selecionado quase exclusivamente candidatos brancos. Dos quase 40 redatores e editores que trabalharam em tempo integral para produzir a Encarta Africana, só havia três negros. Pior que isso, Gates e o co-editor K. Anthony Appiah rejeitaram vários pedidos dos redatores para que se contratasse maior número de redatores negros. Mother Jones pediu explicações a Gates, por essa visível inconsistência. Teriam razão, afinal, os membros da equipe, que reclamavam que a equipe de Africana seria branca demais?”
Gates respondeu:
"Noção repugnante, essa, de que brancos não possam escrever sobre história dos negros – alguns dos maiores especialistas em África são brancos. Sintam-se livres para criticar a qualidade da enciclopédia, mas não cederei um milímetro [a quem critique a organização da equipe]. Estão fundamentalmente errados. Se eu gostaria que houvesse mais afro-americanos no grupo? Claro que sim. Mas fizemos o melhor possível, considerados os prazos e o orçamento."
Embora a aliança com as feministas tenha dado considerável empurrão à carreira de Gates, o que o elevou à categoria de intelectual público aos olhos da elite dirigente foi o que publicou na coluna que assinou no Times: que os afro-americanos teriam opiniões antissemitas. Foi então consagrado intelectual afro-americano proeminente, quando, na lista dos intelectuais negros mais conhecidos nos EUA, Gates não apareceria nem entre os 25 primeiros.
Deve ter sido selecionado em votação aberta, e beneficiou-se do poder que recebeu de seus patrocinadores, para construir e demolir carreiras acadêmicas. Como diria Quincy Troupe, editor de Black Renaissance Noire, Gates é um desses líderes que "os negros receberam", como doação feita a eles pelos grupos brancos dominantes e pelos brancos progressistas. Amy Goodman fala sobre Gates e Cornel West em termos de adolescente "Bobby Soxer"[2] elogiando Sinatra. Semana passada, Rachel Maddow disse que Gates seria “o principal intelectual negro dos EUA". E quem, rezam os salmos, seria o principal intelectual branco dos EUA, Rachel? Quem disse que só há um? E vale lembrar que Gates não publicou nenhum trabalho acadêmico realmente importante desde 1989.
Pela CNN, as acusações feitas por Gates, de que os negros norte-americanos seriam antissemitas espalharam-se por todo o planeta. Por isso, em 2000, quando visitei Israel pela primeira vez, intelectuais israelenses perguntaram-me por que os negros norte-americanos tanto odiavam os judeus.
Desmenti as ideias de Gates – sobretudo sua insistência em descrever os negros norte-americanos como grupo homogêneo – em meu livro Another Day at the Front, porque, na época em que ele escrevia como colunista do Times, a Liga Anti-Difamação [ing. Anti-Defamation League] publicara relatório em que mostrava um declínio do antissemitismo entre os negros norte-americanos. Citei o relatório. Gates disse que o Times prometera-lhe outra coluna em que escreveria sobre racismo entre os judeus norte-americanos. Essa coluna jamais foi publicada. Barry Glassner escreveu, com razão, em seu The Culture of Fear [a cultura do medo], que Gates inventou um preconceito dos negros norte-americanos contra judeus que jamais existiu.
Quando Tina Brown era editora de The New Yorker, Gates foi contratado para "mastigar e cuspir" o pastor Louis Farrakhan [3] e o falecido dramaturgo August Wilson.
A peça de Wilson apareceu depois de um debate entre Robert Brustein e Wilson sobre proposta de Wilson de que se criasse um teatro nacionalista negro. Gates apoiou Brustein. Pouco depois, Brustein e Gates receberam financiamento de um milhão de dólares, da Ford Foundation, para organizar apresentações de teatro seguidas de jantares em Harvard, num momento em que o teatro negro regional vivia à míngua, à beira da extinção. Tina Brown, que já patrocinou Gates, é hoje intelectual pós-racial, como Gates.
No programa de Bill Maher, disse que as questões sobre raça saíram de moda, agora que os EUA elegeram um presidente negro. Essa senhora habita uma cidade na qual negros e latinos foram vítimas de limpeza étnica, resultado das políticas do prefeito Giuliani, que reproduz o pensamento do The Manhattan Institute [4]. Milhares de novaiorquinos negros e hispânicos continuam a ser detidos e presos, sem que se ouçam protestos vindos de Gates e de seu círculo de harvardianos ditos "pós-raciais", como Orlando Patterson.
Até o governo Bush sabia que há segregação racial. Pois Gates diz que só depois de ter sido preso entendeu a extensão da segregação, problema já velho, de mais de 200 anos. Como é possível que "o principal intelectual negro dos EUA" não soubesse que há segregação racial nos EUA? Suas palavras ao ser preso, foram, precisamente: "A prisão fez-me ver o quanto os homens negros são vulneráveis, o quanto os pobres são vulneráveis às forças caprichosas de um policial estúpido." Incrível! O "principal intelectual negro dos EUA" em 2009, nunca ouviu falar de Charles Chesnutt, que já escrevia sobre segregação racial em 1905! (…) O que se passa com essa elite pós-racial de Harvard?
Outra noite fui assistir ao show de Dick Gregory e Mort Sahl em San Francisco, a última dupla de grandes comediantes dos anos 60. Às tantas, Gregory disse que os netos estudam em tradicionais universidade negras, porque, embora viva perto de Harvard e tenha dinheiro para sustentá-los em Harvard, "nem meu cachorro entra em Harvard." Vai-se ver, sabe do que fala.
Quando começou a moda do Poder Gay, Gates também se engajou. Em uma introdução a uma antologia de ensaios pró-gays, Gates escreveu que os gays enfrentam mais discriminação que os negros, nos EUA – afirmativa da qual discorda até Charles Blow, do serviço de estatísticas do Times, o qual, como Patterson e Gates, de Harvard, prega as soluções do "amor e linha-dura", mas só para negros. Recentemente, Blow publicou números que comprovam que na maioria dos casos de crime de ódio nos EUA, a vítima é negra; não usou os mesmos números para comprovar que na maioria dos casos de crimes de ódio nos EUA, o criminoso é homem, jovem e branco.
E quantos gays há hoje, no corredor da morte das prisões nos EUA? Que grupo é majoritariamente cortado das listas de candidatos a empréstimos bancários – campo em que os negros têm de pagar bilhões de dólares pela equidade racial? O policial de Cambridge teria criado para dois gays brancos, os problemas que criou para Gates e seu motorista? Por que não discutir as acusações de racismo-gay feitas por Marlon Riggs, Barbara Smith e Audre Lorde? Quantos gays desarmados foram mortos por policiais? E quantos negros?
Claro que há bolsões de homofobia entre os negros, mas em menor número do que em outras comunidades étnicas. Os negros esperam ansiosamente a aprovação da lei que permite casamento entre gays, e todos os negros deveriam empenhar-se nessa luta. Resolvido isso, talvez sobrasse algum oxigênio para que a esquerda, afinal, consiga pensar em outras lutas.
Os gays e lésbicas brancos compararem sua luta à luta pelos direitos civis dos negros é como Gates comparar seu caso ao de Wole Soyinka. Além do mais, Barbara Smith conta que, quando tentou participar da Parada Gay do Milênio até Washington, os líderes a mandaram cair fora; estavam empenhados em mostrar aos EUA heterossexuais e brancos que "somos iguais a vocês" (brancos, pois).
Será que o Gates de antes do final dos anos 80 ressuscitará agora, como resultado do que Toure, comentarista da MSNBC e da CNN chamou de "brado de alerta de Gates"? (É o mesmo Toure, brilhante ficcionista, que acaba de publicar um manifesto pós-racial no The New York Times Book Review, no qual chama os ativistas negros mais velhos de "esse punhado de 'Jesses'".)
A Panopticon Review fala do "oportunismo" de Gates. Será que conseguirá não dizer o que disse depois da eleição de seu amigo, o presidente 'amor & linha-dura' Barack Obama? Gates disse que duvidava muito de que a eleição faria os negros pararem de consumir drogas e fazer filhos de mães solteiras.
É possível que as coisas sejam mais complicadas do que golpes da tática do 'amor e linha-dura' que visam a obter patrocínios e seduzir padrinhos? Será que Gates alterará a linha conservadora pós-racial de seu blog (TheRoot.com, em http://www.theroot.com/), no portal do The Washington Post? Convidará Carl Dix e Askia Toure, que representam outras posições, tanto quanto Gates representa a posição de John McWhorter, ultra-direitista e portavoz do Manhattan Institute, além de negador da segregação racial? Continuará a dar entrevistas em programas como “Black In America” e “The Wire”, da CNN? (Como era de esperar, Anderson Cooper, da CNN, fez um carnaval, do caso Gates.) (…)
A mídia segregada – o mesmo juri só de brancos dominando a discussão sobre raças, como sempre – deu ao policial de Cambridge o benefício da dúvida e os sindicatos de policiais o apoiaram. Os sindicatos de policiais sempre apoiam os policiais, também quando matam negros pelas costas, mesmo que estejam desarmados ou, como no caso de Papa Charlie James, em San Francisco, mesmo que seja velho e esteja deitado na própria cama. Apoiam-se uns os outros e todos juram dizer a verdade nos tribunais e todos mentem nos tribunais. (…)
O livro Betrayal: How Black Intellectuals Have Abandoned The Ideals Of The Civil Rights Era [Traição: como os intelectuais negros abandonaram os ideias da era dos direitos civis], de Houston A. Baker Jr., critica moderadamente Gates, West e outros intelectuais públicos negros que, segundo o autor, "deixam-se envolver, em virtude de sua ideologia racial transcendente.” Betrayal foi da gráfica diretamente para as bancas de liquidação.
O Village Voice prometeu dois artigos de Thulani Davis, romancista, dramaturgo e poeta, de crítica autêntica a Gates, que nunca apareceram. Cartas com críticas a Gates, de um de seus principais críticos em Harvard, Dr. Martin Kilson, foram censuradas.
Kilson refere-se a Gates como "mestre da arte de escapar de qualquer compromisso intelectual." Até a professora Melissa Harris-Lacewell, mesmo quando, no blog The Nation, desafiou o ciclo de 24 horas de noticiário que descrevera Gates como "crítico nacionalista negro" (ela chamou-o de "crítico nacionalista negro recentemente surgido"; para ela, Gates é "apolítico") –, teve de conter os golpes.
Como intelectual, o pensamento de Lacewell tem mais profundidade que todos os "líderes da intelecção negra", como a mídia branca dominante e também a mídia branca progressista descrevem os pregadores pós-modernos capazes de viradas retóricas à velocidade da luz.
Resta saber se Gates, que se autodefine como "empreendedor intelectual", aproveitará agora seu "brado de alerta" para liderar um movimento que denuncie as disparidades raciais dentro do sistema judicial. Um sistema podre até as entranhas, no qual os brancos cometem a imensa maioria dos crimes, mas as cadeias estão superlotadas de negros e hispânicos.
Um sistema prisional no qual tortura e estupro são rotina e no qual, em alguns estados, as condições em que vivem os presos são piores que as de Guantânamo. Os hospitais das prisões na California estão em tal estado, que foram declarados inconstitucionais, e a hospitalização naqueles hospitais foi considerada modalidade de tortura, contra a opinião do Procurador Geral Jerry Brown e de Arnold Schwarzenegger, que se alugaram aos ricos e, outro dia, estavam na televisão falando do "tratamento sério" que dispensam a esses problemas.
Gates pode ajudar na luta para que os agentes da lei respeitem as minorias, em vez de nos chamarem de macaco e agirem como os policiais "gatilho feliz" de Marvin Gaye. Não são todos, mas são muitos. Ou Gates pode-se manter à margem. Continuar nesse comportamento negro-privado, que dorme à frente da televisão ligada, é a raiz das barreiras que se erguem contra milhões de negros norte-americanos.
Voltará ao rigor intelectual de seu heroi W.E.B Dubois, ou continuará a agir como o tipo Charles Van Doren de intelectual negro? Mestre de cerimônias. Entertainer. (Alguém de dentro do Sistema Público de Comunicação, PBS, contou-me que a rede está pedindo que Gates comprove, com melhores provas, o que disse sobre os ancestrais de várias celebridades.)
Gates estaria pensando em fazer um documentário sobre segregação por perfil racial. Convido-o a documentar uma reunião dos moradores da área próxima ao ghetto onde vivo, em Oakland; uma vez por mês nos reunimos com os policiais que patrulham o ghetto. (A maior parte dos nossos problemas têm a ver com os filhos de duas famílias que moram aqui. Vendem armas para vários subúrbios. Vendem armas para gangues e líderes de gangues. No quarteirão onde moro, o líder de gangue é branco. É proprietário da casa onde também vendem crack.)
Se quiser, Gates pode trazer Bill Cosby com ele. Descobrirão que os problemas dos cidadãos nas cidades dos EUA são muito mais complexos que "avós de 35 anos que vivem nas favelas" e cantores de RAP de calças largas e cintura baixa, exibindo cuecas; e que o racismo ainda é, nos EUA, nas palavras do grande romancista John A. Williams, "força inexorável". (…)
Se Gates trocar de personagem, se desistir do personagem de "empreendedor intelectual", se resolver assumir papel na luta contra a discriminação racial contra os negros nos EUA, contra as invasões policiais, questões que jamais deixaram de atormentar os negros e só os negros, há séculos, então, sim, se poderá dizer: "Ok, Skip; bem-vindo de volta ao lar."
NOTAS
[1] Ishmael Scott Reed, 1938. Poeta, ensaísta e romancista. Com Toni Morrison e Amiri Baraka, são os três mais conhecidos escritores afro-americanos de sua geração. Para saber mais, ver http://en.wikipedia.org/wiki/Ishmael_Reed
[2] Imagens em http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=Bobby+Soxers&meta=&aq=f&oq=
[3] Louis Farrakhan é o atual líder do grupo negro estadunidense "Nation of Islam", posto antes ocupado por Elijah Muhammad. Para saber mais, ver http://en.wikipedia.org/wiki/Louis_Farrakhan
[4] Para saber o que é, ver http://www.manhattan-institute.org/