França: Fábrica da Peugeot tem seis suicídios em um semestre
Do início do ano até agora seis operários do grupo automobilístico francês PSA (Peugeot-Citroen) se suicidaram. O último caso ocorreu terça-feira (17), quando um dos funcionários tirou a própria vida na fábrica de Mulhouse, na Alsácia, região nordeste da
Publicado 18/07/2007 11:13
O homem de 55 anos, pai de dois filhos e funcionário da empresa há 29 anos, não deixou nenhuma carta explicando os motivos do ato. Uma investigação foi aberta para o caso. O ministro francês do Trabalho, Xavier Bertrand, se disse “preocupado” e os sindicatos questionam sobre as condições de trabalho.
É o quinto operário que se suicida desde o início do ano na fábrica de Mulhouse, enquanto que outro operário se suicidou na unidade da PSA de Charleville-Mezieres, em Ardenne, nordeste do país, a causa , como havia deixado escrito em uma carta, eram “as condições de trabalho e as fortes pressões”.
Alguns dias atrás, em uma reunião do órgão interno de apoio psicológico da empresa, composto por um psiquiatra e um assistente social, que contou com a participação da direção e dos sindicatos, foi discutido um plano para prevenir o suicídio. Há duas semanas foi ativado um número de telefone para auxílio psicológico, aberto 24 horas por dia, que permite aos funcionários do grupo exprimir seus problemas.
“Se um trabalhador tem um problema, pessoal ou profissional , pode telefonar e falar com psicólogos de fora da empresa”, explicou a direção da PSA Peugeot-Citroen, que disse estar “profundamente comovida e chocada”.
“Hoje domina o individualismo obstinado. Cada funcionário está em competição com o outro. Está constantemente com os dirigentes respirando em seu pescoço, os quais estão por sua vez também sob pressão. Nas empresas desapareceu qualquer forma de humanidade e não existe nenhum espírito da família nem de amizade”, disse Bruno Lemerle do sindicato de direita CGT.
Mal-estar, senso de culpa, tensão, são as principais denúncias dos sindicatos dos trabalhadores da empresa. Para eles o problema “será resolvido pela base”. Há alguns anos domina na empresa um “clima de incerteza”, ligado às ameaças de deslocamento e ao desinteresse por atestado de doença além da “concorrência entre os jovens engenheiros e os velhos técnicos”.
Também na sede de Guyancourt da Renault, após três suicídios, e uma tentativa, ocorridos nos últimos cinco meses, a direção decidiu lançar um amplo plano de reorganização dos serviços para tentar responder aos problemas ligados ao trabalho.
O grupo Eletricidade da França (EDF), após o terceiro suicídio ocorrido nos últimos seis meses, na central nuclear de Chinon, o quarto em dois anos, anunciou a criação de uma “comissão de escuta e compreensão” para seus empregados.