UFSM aprova sistema de cotas sociais e raciais
O Conselho de Ensino da Universidade Federal de Santa Maria (CEPE UFSM) aprovou, na tarde de sexta, a adoção do sistema de cotas na instituição. Foram 19 votos a favor da proposta original e 18 votos contrários, depois de quase cinco horas de deba
Publicado 16/07/2007 20:44 | Editado 04/03/2020 17:12
A partir do próximo vestibular, serão reservadas 20% das vagas para estudantes de escolas públicas, 10% para negros e 5% para pessoas com necessidades especiais. Cinco vagas serão guardadas para indígenas, que já têm contato em projetos de extensão que a UFSM tem com a Funai.
O pró-reitor de Graduação, Jorge Luis da Cunha, que coordenou a proposta de cotas encaminhada ao Conselho da Universidade, está otimista com o resultado. “Acredito que nós nos tornaremos uma universidade melhor por causa da decisão que foi tomada hoje”, afirma.
A proposta de reserva de vagas teve amplo apoio do movimento negro de Santa Maria, que acompanhou toda reunião e realizou manifestações na reitoria pela aprovação. Os 18 conselheiros que votaram “não” eram a favor das cotas em geral, mas divergiram em pontos específicos da reserva a negros.
O que não foi novidade para o pró-reitor. Jorge Luis relata que a discussão sobre cotas na UFSM está sendo feita desde março do ano passado. As resistências que surgiram durante o processo foram, em sua maioria, em relação à reserva para negros.
“Todas essas questões que nos colocam em movimento ou nos confrontam com as nossas limitações, e uma das mais significativas é esse racismo que não admitimos. Falamos que no Brasil há racismo, mas ninguém admite que é racista, elas mexem com todas as instituições e com as pessoas individualmente. O processo aqui na UFSM não foi isento de conflito, mas de um bom conflito. Aquele que é necessário, que é confronto de idéias”, afirma.
Segundo dados da Reitoria, dos mais de 2 mil estudantes que passaram no vestibular deste ano, apenas 1,4% eram negros e 65,4%, de escolas públicas. Apesar de serem maioria, Jorge alerta que poucos estudantes de escolas públicas tiveram acesso aos cursos de maior concorrência, e, por conseqüência, mais elitizados.
Para o pró-reitor, as cotas garantem uma maior diversidade à universidade pública. “Hoje a gente tem uma universidade predominantemente branca. Com o sistema de reserva de vagas e outras ações afirmativas, que garantam não só o ingresso em condições de igualdade, mas a permanência com dignidade pra proporcionar a formação com responsabilidade cidadã, vão trazer toda a dignidade e o colorido da sociedade brasileira”, afirma.
A UFSM está entre as 18 universidades federais que adotaram o sistema de cotas no país e é a segunda no Estado. Há duas semanas atrás, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aprovou cotas raciais, sociais e indígenas. Na última quarta, as cotas foram aprovadas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Fonte: agência Chasque