Partidos da base do governo reúnem 62% dos ''cabeças do Congresso''
O DIAP lançará na primeira semana de agosto, a 14ª edição dos “Cabeças” do Congresso Nacional, uma pesquisa sobre os 100 parlamentares mais influentes do Parlamento brasileiro. São 73 deputados e 27 senadores, que na ótica do Departamento são os operad
Publicado 16/07/2007 18:07
O ranking de 2007 revela que os dois partidos com maior número de parlamentares na elite são o PT, ao qual é filiado o presidente da República, e o PMDB, que tem a maior bancada na Câmara dos Deputados e no Senado. O PSDB, segundo maior partido da oposição, está empatado em terceiro lugar no ranking de parlamentares influentes com o PMDB, o maior partido da base do governo Lula.
Os partidos da base de sustentação do Governo — PT, PMDB, PP, PTB, PR, PCdoB e PSB — reúnem 62% da ''elite'' do Congresso. Destes, o PT, partido do Presidente e com a segunda maior bancada na Câmara Federal, lidera com 25 nomes, seguido do PMDB, com 17. Logo em seguida vêm o PSB, com sete, o PTB e o PCdoB, com quatro cada, o PR e o PP, respectivamente, com três e dois cada.
Novatos
Outra novidade neste primeiro ano da legislatura 2007/2001 revelada na lista do Diap é a forte presença de ''calouros'' entre os deputados e senadores mais importantes. Dos 100, 23 são novatos.
A maior parte dos calouros influentes está no Senado, são 16. Eles são, principalmente, políticos com experiência no Executivo federal e estadual, nas assembléias legislativas, no Judiciário e na iniciativa privada.
Entre os oito novatos com maior influência, quatro são deputados governistas – Ciro Gomes (PSB-CE), Cândido Vaccarezza (PT-SP), Flávio Dino (PCdoB-MA), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) – e um quinto é senador da base aliada, apesar de ter atuação independente – Renato Casagrande (PSB-ES).
Dos três oposicionistas integrantes dessa lista de oito nomes, dois estão no Senado – Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Kátia Abreu (DEM-TO) – e um na Câmara – Paulo Renato de Souza (PSDB-SP).
''As várias crises políticas que atingiram o Legislativo provocaram uma renovação também na elite do Congresso'', analisa o diretor técnico do Diap, Antônio Augusto de Queiroz.
Classificação
Para facilitar a leitura, o DIAP identificou e classificou os parlamentares em cinco categorias, de acordo com as habilidades de cada um, dando destaque à característica principal de cada operador-chave do processo legislativo.
As categorias são: a) debatedores, b) articuladores/organizadores, c) formuladores, d) negociadores e e) formadores de opinião. As classificações não são excludentes. Assim, um parlamentar pode, além de sua habilidade principal, possuir outras secundárias.
Formadores de opinião
São parlamentares que, por sua respeitabilidade, credibilidade e prudência, são chamados a arbitrar conflitos ou conduzir negociações políticas de grande relevância. Normalmente, são deputados ou senadores experientes, com trânsito fácil entre as diversas correntes e segmentos representados no Congresso e visão abrangente dos problemas do País, cuja opinião sobre o assunto influencia fortemente a decisão dos demais parlamentares.
Discretos na forma de agir, evitando se expor em questões menores do dia-a-dia do Legislativo preferem as decisões de bastidores, onde exercem real poder. Constituem a elite do Poder Legislativo, embora não precisem, necessária e institucionalmente, estar em postos-chave, como liderança formal ou presidência de uma das Casas do Congresso. São os que se pode chamar de líderes de alta patente, respeitados e legitimados pelo grupo ou corrente política que lideram.
Articuladores/Organizadores
São parlamentares com excelente trânsito nas diversas correntes políticas, cuja facilidade de interpretar o pensamento da maioria os credencia a ordenar e criar as condições para o consenso. Muitos deles exercem um poder invisível entre seus colegas de bancada, sem aparecer na imprensa ou nos debates de plenários e comissões. Como interlocutores dos líderes de opinião, encarregam-se de difundir e sustentar as decisões ou intenções dos formadores de opinião, formando uma massa de apoio à iniciativa dos dirigentes dos grupos políticos a que pertencem.
Normalmente, têm livre acesso aos bastidores, ao poder institucional e alto grau de fidelidade às diretrizes partidárias ou ideológicas do grupo político que integram. Não são necessariamente eruditos, intelectuais, mas possuem instinto político e o dom da síntese.
Negociadores
Em geral líderes partidários, os negociadores são aqueles parlamentares que, investidos de autoridade para firmar e honrar compromissos, sentam-se à mesa de negociação respaldados para tomar decisões. Os negociadores, normalmente parlamentares experientes e respeitados por seus pares, sabedores de seus limites de concessões, procuram previamente conhecer as aspirações e bases de barganha dos interlocutores para estabelecer sua tática de convencimento.
São atributos indispensáveis ao bom negociador, além da credibilidade, a urbanidade no trato, o controle emocional, a habilidade no uso das palavras, discrição e, sobretudo, capacidade de transigir. É bom negociador aquele parlamentar que, sem abrir mão de suas convicções políticas, respeita a vontade da maioria mantendo coeso seu grupo político.
Debatedores
São parlamentares ativos, atentos aos acontecimentos e principalmente com grande senso de oportunidade e capacidade de repercutir, seja no plenário ou na imprensa, os fatos políticos gerados dentro ou fora do Congresso. São, por essência, parlamentares extrovertidos, que procuram ocupar espaços e explorar os assuntos que possam ser notícia.
Conhecedores das regras regimentais, que regem as sessões e o funcionamento das Casas do Congresso, exercem real influência nos debates e na definição da agenda prioritária. Com suas questões de ordem, de encaminhamento, discussão de matérias em votação, obstrução do processo deliberativo, dominam a cena e contribuem decisivamente na dinâmica do Congresso. São os parlamentares mais procurados pela imprensa.
Formuladores
São os parlamentares que se dedicam à elaboração de textos com propostas para deliberação. Normalmente são juristas, economistas ou pessoas que se especializaram em determinada área, a ponto de formular sobre os temas que dominam. São, certamente, os parlamentares mais produtivos, embora tenham menos visibilidade que os debatedores.
O saber, a qualidade intelectual e a especialização, embora não sejam exclusivos, são atributos indispensáveis aos formuladores.
O debate, a dinâmica e a agenda do Congresso são fornecidos basicamente pelos formuladores, que dão forma às idéias e interesses que circulam no Congresso. A produção legislativa, com raras exceções, é fruto do trabalho desses parlamentares. Enfim, são eles que concebem e escrevem o que o Poder Legislativo debate e delibera. Não ocupam, necessariamente, posto de líder político ou partidário.
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Fontes: Diap e Congresso em Foco