Líder do governo no Senado espera que recesso acalme os ânimos
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), acredita que o recesso parlamentar, marcado para 18 de julho, vai acalmar os ânimos na casa. ''É preciso calma. É preciso acalmar os ânimos'', disse. O senador espera que em agosto seja possível ter
Publicado 13/07/2007 14:29
''Acho que a partir daí tudo deve ser feito com toda tranqüilidade, sem açodamentos, nem pressa de um lado ou de outro'', afirmou Jucá. Ontem (12), Renan Calheiros marcou reunião da Mesa Diretora para terça-feira (17). No encontro, deve ser analisado o aprofundamento da perícia nos documentos apresentados pelo presidente do Senado ao Conselho de Ética.
A decisão irritou a oposição, que esperava reunião da Mesa para ontem mesmo e chegou a abandonar o plenário em protesto. Apesar da investigação, cabe a ele marcar reuniões da Mesa Diretora. Na terça-feira (10), Renan chegou a discutir, em plenário, com o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), e disse que se o desejo dos senadores de cassá-lo ''for um desejo político, oportunista, ocasional'', vão ter que ''sujar as mãos''.
''Vão ter que dizer ao Brasil e ao mundo porque estão tirando o presidente do Senado Federal da sua cadeira'', disse. Antes, Arthur Virgílio havia comunicado ao presidente a ponderação quanto a duas petições apresentadas pelos advogados de Calheiros ao Conselho de Ética, questionando os procedimentos do colegiado.
Denúncia vazia
Não há nenhuma denúncia concreta contra o presidente do Senado, mas matérias divulgadas pela imprensa colocam sob suspeita o fato de um amigo de Renan Calheiros, Cláudio Gontijo, ter ajudado o presidente do Senado a intermediar o acerto da pensão alimentícia a uma filha de Renan com a jornalista Mônica Veloso. Não há nenhum ilícito nesta intermediação, mas a oposição e a mídia sustentam que aceitar ajuda de Gontijo –que é tido como lobista de uma grande construtura– para tratar de assuntos pessoais, Renan teria quebrado o ''decoro parlamentar''.
Na verdade, o que está por trás da pressão da oposição contra Renan é o desejo de desgastar o governo federal atingindo seus principais aliados no Congresso. PSDB e DEm também alimentam a esperança de poder ocupar a presidência do Senado após uma eventual saída de Renan Calheiros do posto de presidente da Casa.
Inácio: batalha política
A animosidade da oposição tem provocado atritos até com parlamentares que não estão envolvidos no episódio Renan.
Foi o que aconteceu após um discurso enfático do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), no qual o parlamentar comunista disse que Renan Calheiros tem sido “provocado permanentemente” pelos adversários e que as forças que querem derrubar Renan estariam interessadas na cadeira da presidência do Senado.
''É verdade, Sr. Presidente, que a questão se transformou em uma batalha política, que põe em confronto forças políticas que têm anseios, desejos e que querem, em última instância, o lugar do Senador Renan Calheiros. É um jogo de forças, uma batalha política. Se não considerarmos nesses termos, aí sim, vamos querer dar uma de inocentes em um plenário onde não há nenhum inocente. Aqui não há inocentes. Aliás, não há inocentes nem santos. Aqui há uma única mão santa, que é a de V. Exª, Senador Mão Santa. Falo de inocentes nos termos da inocência infantil. Não há inocência. É uma batalha política. Há um jogo político e subjacente que põe em confronto, também, as forças que se enfrentam neste plenário sistematicamente em torno do poder. Não é só o poder de dirigir o Senado, mas o poder político no Brasil, o poder político no País. É o que está em curso'', disse o senador cearense.
As declarações de Inácio incomodaram alguns senadores da oposição, especialmente do PSDB que, vestindo a carapuça, passaram a atacar o discurso de Inácio.
O tucano Arthur Virgílio –que em 2006 chegou a ameaçar o presidente da República com uma ''surra''– perdeu novamente a compostura e ameaçou o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) com um processo no Conselho de Ética.
O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), por sua vez, disse que a declaração de Inácio era ''um equívoco, uma injustiça e uma fraude”. De forma dissimulada e agindo como se falasse para uma platéia de desinformados, tentou argumentar que a oposição não almeja a presidência do Senado. Usando o tom agressivo e a empáfia que o caracterizam, Guerra falou que Renan tem amigos na oposição, que estariam mais incomodados do que alguns que o defendem. “Não venha agora o senador querendo nos dividir aqui precariamente. Vai resolver isso lá no Ceará ou onde ele quiser, mas não aqui. O nosso problema é outro”, vociferou o tucano.
Inácio, então retomou a palavra: “Me respeite e respeite o meu Estado”. E disse mais: “Bobagem diz vossa excelência. Vossa excelência não quer investigar nada”.
Clique aqui para ver a íntegra do pronunciamento de Inácio Arruda
Tuma: nem chefe de terreiro resolve
Em meio à crise que atinge o Senado, o corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP), recorreu ao exoterismo para mostrar a gravidade da situação que atinge a instituição. Tuma avaliou que o processo está causando crise no Senado e trazendo um ambiente de espiritualidade pesada.
''Peço desculpas aos espíritas, a quem eu respeito muito. Se trouxerem 10 chefes de terreiro, e sendo três da Bahia, não vai conseguir fazer um descarrego que melhore o estado espiritual do Senado'', disse.
Da redação,
com agências