Lula defende investimento no NE e ataca ódio de classes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (12), em Recife (PE), em cerimônia de liberação de recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para Pernambuco, os investimentos de seu governo no desenvolvimento da região Nor
Publicado 12/07/2007 16:39
“O Nordeste não pode continuar sendo a faixa reprodutora de pobres deste país. Tem que ter o direito de crescer. Nós, nordestinos, não temos que ser apenas Estados exportadores de pobres. Por que o Nordeste tem que ter apenas pedreiros? Por que não ter engenheiros, médicos, profissionais capacitados? Vamos investir na educação, nas universidades, na capacitação profissional desta região”, disse Lula.
No discurso, Lula lembrou dos ataques que sofre por conta de sua origem. “Eu sei o que é vingança da elite brasileira. Eu sei o que é o ódio de classe demonstrado desnecessariamente. Aos 60 anos, sou um homem sem ódio. Ninguém vai me deixar nervoso, nem meus companheiros reivindicando, nem meus adversários me xingando me deixam nervoso”.
O presidente também criticou governantes que não investem em obras de saneamento, por estas não darem retorno político.
“Nem sempre no Brasil a classe política levou muito a sério a questão do saneamento básico nas periferias. A impressão que a gente tem é que não são muitos administradores públicos que têm a dimensão da importância de colocar uma manilha debaixo da terra, sabendo que não vai poder colocar o nome de um parente para homenagear e para tirar fotografia durante a campanha”, afirmou, acrescentando que esse tipo de obra não dá publicidade para os políticos.
Lula pediu que as prefeituras acelerem os projetos locais. A previsão do governo estadual, segundo o presidente, é que as obras comecem em fevereiro. “Quando a gente sair daqui, as obras não vão começar. É preciso um esforço do governo junto com os prefeitos para que a gente assuma o compromisso. Esse programa precisa dar certo”.
Os recursos serão investidos em redes de esgoto e água, despoluição de praias, recuperação de rios e erradicação de palafitas, atendendo 800 mil famílias em 20 cidades do estado, de acordo com informações divulgadas pelo governo federal.
O PAC vai destinar R$ 1,3 bilhão às áreas de saneamento e urbanização em Pernambuco. Para Lula, o PAC trará melhorias na qualidade de vida das populações mais pobres do país, além de ser importante para o desenvolvimento econômico do Brasil nos próximos anos.
“Nós vamos percorrer o Brasil inteiro anunciando as obras do PAC. Por enquanto, estamos anunciando apenas as obras de saneamento básico. O PAC não é apenas os R$ 146 bilhões desta etapa, mas sim R$ 504 bilhões. O programa também é a construção de ferrovias, de hidrelétricas, aeroportos, estradas, portos e outras obras que serão feitas para desenvolver o país”, disse Lula.
Abastecimento de água
Também presente à cerimônia, o governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), destacou o fato de o Estado estar recebendo um dos maiores investimentos do governo federal. Além disso, ressaltou a importância das obras do Sistema Adutor de Pirapama.
“Nós já abrimos a licitação de Pirapama, que é a maior obra de abastecimento de água do país. Vamos resolver com esses recursos o problema do racionamento injusto que sofrem os municípios da Região Metropolitana do Recife”, afirmou Eduardo Campos.
Fazer, fazer
O ministro das Cidades, Márcio Fortes, mandou um recado para as prefeituras pernambucanas que irão receber recursos do PAC. “As obras têm que ser feitas, pois, se não forem feitas, o dinheiro será revertido para outras obras. A ordem é fazer, fazer, fazer”, disse.
Para Fortes, com o PAC, os governos municipais terão recursos significativos para obras em habitação e saneamento. “Estamos resolvendo problemas de palafitas, da coleta de esgoto, preservação de mananciais e até de transporte urbano”, afirmou o ministro.
Prefeituras
Com o PAC, o prefeito do Recife, João Paulo (PT), pretende dobrar o saneamento na capital pernambucana. “Deixaremos o Recife com o dobro do saneamento que encontramos a cidade. Com o PAC, construiremos mais de duas mil casas até o fim do nosso governo”, disse o petista.
Para a prefeita de Olinda, Luciana Santos (PCdoB), as verbas terão um grande impacto. “Olinda recebe R$ 280 milhões, o que causará uma mudança significativa na vida de todos os olindenses. E são R$ 280 milhões para urbanizar favelas, voltados para quem mais precisa”.