50º Congresso: estudantes elegem a gaúcha Lúcia Stumpf nova presidente da UNE

No congresso que celebrou os 70 anos da UNE, os estudantes brasileiros elegeram, após 15 anos, uma mulher para ser a nova presidente da entidade. Quem assume o cargo no lugar de Gustavo Petta é a gaúcha Lúcia Stumpf, 25 anos. 

Aluna do 7º período do curso de jornalismo da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas – SP), Lúcia é natural de Porto Alegre e será a quarta mulher a dirigir a UNE. A última a ocupar o cargo, Patrícia de Angeles, se elegeu em 1991.


 


A plenária final do 50º Congresso foi realizada no ginásio Nilson Nelson, em Brasília, com a presença de mais de 8 mil estudantes de todos os estados do país, entre observadores e delegados (estudantes com direito a voto na eleição), representando 1.880 universidades de todo o país.


 


Do total de votos válidos (2.526), a chapa 11 – “1º de fevereiro”, que tinha Lúcia como candidata, teve 72% dos votos, contabilizando o apoio de 1.802 estudantes. O nome é uma referência ao mês e dia em que os estudantes retomaram, em 2007, o terreno da sede da UNE a Praia do Flamengo, 132, no Rio de Janeiro.


 


Disputavam outras 10 chapas inscritas, mas que não apresentaram candidato para a presidência. A chapa 10 teve totalizou 279 votos. A chapa 7 conseguiu 232 votos. Já a chapa 9 saiu com 92 votos e a chapa 8 somou 73. As outras chapas juntas fizeram 14 votos. Foram registradosd 33 inválidos.


 


Perfil


 


 



Lúcia começou a cursar jornalismo em 1999 na PUC-RS, em Porto Alegre. Foi lá que ela se aproximou do movimento estudantil universitário e, em 2001, assumiu o cargo de Vice-presidente regional da UNE no Rio Grande do Sul. Em 2003, deixou a cidade natal e foi morar em São Paulo, quando assumiu a diretora de comunicação da entidade. Em 2005, foi escolhida para ser diretora de relações internacionais.


 


A estudante se destacou durante todo este período por uma atuação respeitada dentro da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), organização que reúne mais de 300 entidades.


 


Emocionada e se dizendo muito feliz com o resultado da eleição, ela destacou a importância que este encontro teve no fortalecimento da entidade. “A UNE ganhou a consolidação de um Congresso amplo, com a implantação da eleição direta de delegados nas universidades e a participação de todos os campos políticos, colocando em debate a diversidade de opiniões da juventude brasileira. Foi um Congresso de unidade, com a defesa das lutas e reivindicações dos estudantes para o próximo período”, disse.


 


A gestão da nova presidente já terá em agosto uma série de protestos, passeatas e manifestações. A jornada de lutas, aprovada no Congresso, vai comemorar os 70 anos da UNE (que serão completados no dia 11 de agosto) e exigir a criação de um Plano Nacional de Assistência Estudantil. “A prioridade da UNE é lutar pela melhoria das universidades públicas no país, pela regulamentação do ensino privado e pela garantia de políticas que garantam a permanência dos estudos do estudante de baixa renda”, disse.


 


Congresso


 


 



O 50º Congresso alterou a rotina da Universidade de Brasília (UnB). Durante quatro dias foram realizados 12 debates, 18 grupos de discussão e 2 seminários. Na quarta-feira uma sessão solene do Senado Federal homenageou os 70 anos da UNE.  Na quinta, a mesa de abertura reuniu lideranças dos movimentos sociais que reafirmaram a unidade com a luta dos estudantes.


 


Na sexta, uma passeata pela Esplanada dos Ministérios terminou com um ato em frente ao Banco Central onde cerca de 8 mil pessoas cobraram mudnças na políticas econômica e pediram a imediata demissão do presidente da instituição, Henrique Meireles.


 


As atividades serviram de base para os estudantes elaborarem as propostas construídas e aprovadas pelo conjunto dos participantes. São documentos respaldados pelos delegados e observadores do Congresso, que vão nortear as ações da UNE para os próximos dois anos nas áreas de educação; movimento estudantil; meio ambiente; políticas públicas para a juventude; GLBTT; saúde; reforma política; inclusão digital; direitos humanos e comunicação; além de discutir a conjuntura nacional e internacional.


 



 
A Vice-presidente, Louise Caroline, afirma que a entidade vive um maior grau de unidade. “Nos outros 49 Congressos, nunca foi possível unificar tanta gente e tantos campos políticos na defesa da UNE, da universidade pública e da soberania nacional”, disse. “Nós que fizemos esta gestão estamos felizes por saber que o próximo pessoal terá condições de conquistar ainda mais vitórias e consolidar o movimento estudantil na sua base, avançando cada vez mais na luta pela pátria democrática e socialista e por uma educação libertadora que a UNE sempre defendeu”, completa.


 


 


Para o Secretário-geral, Pedro Campos, o 50º Congresso traz como diferencial a qualificação do debate político e da participação. “O novo processo de eleição dos delegados permitiu que as principais lideranças do movimento estudantil pudessem chegar ao Congresso com mais propriedade. Desta forma, transformaram as Plenárias e grupos de discussão em momentos muito mais ricos de debates e construção política. Nesse sentido, a UNE sai do Congresso com uma capacidade de formação das suas ações e realizações muito mais profunda”, avalia.


 


 


O atual presidente, Gustavo Petta, também fez um balanço positivo do Congresso e disse que a eleição de Lúcia mostra que os estudantes aprovam a política da UNE, que nos últimos anos se firmou com uma das principais entidades do movimento social brasileiro. “Junto com MST e a CUT, a UNE reafirmou suas reivindicações junto ao conjunto dos movimentos sociais. Participamos da luta contra a corrupção, diversificamos nossa atuação e não restringimos nossas ações às bandeiras mais tradicionais, como educação e política”, enumera.


 


Fonte: Estudante NET