Na Europa, Lula reafirma disposição para salvar Doha
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar nesta quarta-feira (4) que o governo brasilero está disposto a continuar negociando um acordo multilateral de livre-comércio no âmbito da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Publicado 05/07/2007 12:25
“Da parte do Brasil, seremos incansáveis na construção de números que sejam factíveis para todos os países que compõem a mesa de negociação, tendo como a coisa mais importante o fato de que os que precisam ganhar mais são os mais pobres e os que precisam ganhar menos são os mais ricos e os países em desenvolvimento. Com isso colocado, poderemos chegar a um acordo” disse em entrevista coletiva, em Lisboa, após participar da Cúpula Empresarial Brasil-União Européia.
O G-4 (grupo que reúne Brasil, Índia, União Européia e Estados Unidos) teve recentemente, na Alemanha, mais uma reunião sem acordo sobre os termos de ampliação do livre-comércio internacional. Logo em seguida, em conversa telefônica com o então primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, Lula já havia dito que o governo brasileiro não abandonaria os esforços para finalizar a Rodada Doha e continuaria contribuindo para os trabalhos com os demais membros da OMC. Frisou, no entanto, que uma decisão política é fundamental.
Nesta quarta-feira o presidente reconheceu, no entanto, que todas as negociações são difíceis e exigem maturidade. “Precisamos de forma muito madura voltar a sentar à mesa, saber onde há problemas, e não podemos ficar nervosos. Em negociação, não vale ficar nervoso, irritado”.
Depois de Lisboa, o presidente Lula segue para Bruxelas, onde participa da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, organizada pela Comissão Européia. Ele afirmou que pretende discutir a questão da renovação energética e voltou a defender que os biocombustíveis serão a solução para reduzir a emissão de gases poluentes. “Não existe outro jeito de nós desaquecermos o planeta Terra”.
Prioridade à OMC
Brasil e União Européia trataram de deixar claro ao mundo que a parceria estratégica que será firmada entre as duas regiões não significa uma opção pelo bilateralismo. Em Lisboa, chefes de Estado e de governo das duas regiões reiteraram inúmeras vezes que a Rodada Doha continua sendo prioridade e enfatizaram a urgência de um retorno à mesa de negociações na Organização Mundial do Comércio.
“Não há substituto para um sistema multilateral de comércio forte, baseado em regras estáveis e eqüitativas”, afirmou Lula. O presidente da Comissão Européia, Durão Barroso, também falou sobre o comprometimento com o sucesso da Rodada aos empresários e em coletiva de imprensa após a Cúpula política. “Quero dizer que nós, da União Européia, não desistimos de Doha”, afirmou no primeiro encontro. “A Rodada Doha não é apenas de comércio, mas é de ajuda aos países menos avançados“ disse em eco com o presidente Lula.
Num ímpeto de otimismo, o primeiro-ministro português, José Sócrates – que nos próximos seis meses estará à frente do Conselho de Ministros Europeus – chegou a dizer que o encontro de dois dos principais atores da Rodada, em Lisboa, representa o relançamento das negociações na Organização Mundial do Comercio. “Este encontro permitiu relançar as negociações e continuá-las”, afirmou José Sócrates. “Nem uma parte nem outra desistem de continuar a tentar que um equilíbrio seja alcançado e que o resultado seja benéfico para uma regulação equilibrada e justa da globalização”, destacou.