FAO alerta: combate à fome mundial não tem sido eficaz
As vítimas da fome continuam aumentando no mundo, apesar do objetivo da comunidade internacional de reduzir o número de famintos à metade até 2015, afirmou nesta quarta-feira (4) o subdiretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alime
Publicado 04/07/2007 14:59
O representante da ONU reiterou que o número total de pessoas que passam fome cresceu e atualmente é de 854 milhões de cidadãos, com a África Subsaariana se posicionando como a região onde a situação piorou mais.
Segundo os dados da organização, 45 milhões de africanos passaram a ser vítimas da desnutrição crônica nos últimos 15 anos, elevando o número para 220 milhões, um terço da população do continente.
Sobre isso, o diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) em Genebra, Daly Belgasmi, lamentou a “drástica” redução da assistência internacional para a agricultura na África nas últimas duas décadas, assim como da ajuda alimentícia desde 1997, “que passou de 15 milhões de toneladas ao ano para 6,8 milhões”.
Falso otimismo
Desde segunda-feira, a ONU realiza na capital suíça a reunião anual do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da organização.
Participam da reunião vários ministros, que avaliarão os progressos obtidos até agora em relação aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos em 2000 para um horizonte de 15 anos.
Paradoxalmente, um relatório apresentado na segunda-feira pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, neste mesmo fórum foi muito mais otimista do que o balanço feito por Harcharik, já que afirma que, se a tendência for mantida, o objetivo de reduzir a fome no mundo à metade será alcançado no prazo estipulado.
O estudo acrescenta ainda que a extrema pobreza – ou seja, pessoas que sobrevivem com menos de US$ 1 por dia – “começou a se estabilizar”.
Harcharik, que participa do Ecosoc, disse em entrevista coletiva que as causas da insegurança alimentar na África residem principalmente na pouca força das instituições africanas e nos investimentos insuficientes tanto dos Governos nacionais como dos doadores internacionais.
Tudo isso apesar de os investimentos estrangeiros diretos no continente terem dobrado nos últimos três anos, chegando a US$ 38 bilhões, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a um ritmo de 5% ao ano desde 2004.
Ao contrário, a Ajuda Oficial ao Desenvolvimento diminuiu, e a comunidade de doadores descumpriu sua promessa de aumentar em US$ 25 bilhões ao ano suas contribuições para este objetivo, afirmou o vice-presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Kanayo Nwanze.
Fonte: Efe