Ufrgs aprova cotas

Depois de seis horas de discussão e intensos debates, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aprovou por 43 votos a favor e 27 contra, adoção do Programa de Ações Afirmativas da Universidade, estabelecendo a reserva de 3

Com a Federal do Rio Grande, chega a cerca de quarenta o número de universidades brasileiras que, por decisão de seus Conselhos Universitários, adotam algum tipo de ação afirmativa e ou cotas para negros e indígenas nos seus sistemas de acesso.


 



A decisão foi muito comemorado pela militância negra, que durante toda a última semana foi hostilizada por grupos racistas que chegaram a pichar os muros da Universidade com frases hostis como “negros voltem para as senzalas” ou “lugar de negro é na cozinha do Restaurante Universitário”. A ativista Eliane Almeida, ao ler o artigo que declarava a vitória das cotas, não conteve o choro.


 



A concentração de militantes na Reitoria da Universidade começou cedo, como relata a jornalista Vera Daisy Barcellos, da Organização de Mulheres Negras Maria Mulher. “Desde cedo, a concentração de militantes negros e negras, professores e simpatizantes lotavam as dependências da Reitoria. Muitos universitários acamparam em frente do prédio. Palavras de ordem condenando as pichações racistas nos muros da universidade (“lugar de negro é na cozinha do RU (restaurante universitário) , ou negros voltem para senzala”) nos dias que antecederam a votação, cantorias pedindo que os 70 conselheiros votassem a favor das cotas raciais foram constantes.”
“Por alguns minutos, a plenária sofreu momentos de pânico, com a informação de que haveria desmembramento do artigo 1º da proposta da Comissão Especial para Implementação de Ações Afirmativas, com votação em separado de cotas sociais e cotas para negros, mas não arrefeceu a batida dos tambores. No final, a sinalização da aprovação do artigo pró cotas resultou em gritos de euforia, abraços e cantos de exaltação à Zumbi dos Palmares.”, conta a jornalista para a Afropress.
Para Antonio Matos, do Movimento Negro Unificado do Rio Grande do Sul, a vitória das cotas na Universidade gaúcha “foi fruto da mobilização da comunidade negra e dos universitários. O resultado é a reparação de uma grande injustiça cometida contra o povo negro”. disse.


 



José Antônio dos Santos da Silva, presidente do Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra – Codene/RS e da União de Negros pela Igualdade/Unegro, conclamou a militância para mais uma batalha: a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e para implementação de cotas raciais na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – Uergs.


 



O Programa de Ações Afirmativas tem como objetivo promover a diversidade étnico-racial e social no ambiente universitário, apoiar estudantes, docentes para que promovam nos diferentes âmbitos da vida universitária, a educação das relações étnico-raciais, além de desenvolver e apoiar a permanência, na Universidade, dos alunos negros e indígenas mediante condições de manutenção e de orientação para o adequado desenvolvimento e aprimoramento acadêmico-pedagógico.


 



Na coletiva para a imprensa, realizada ao final da reunião, o reitor José Carlos Hennemann disse que a decisão fortaleceu o Conselho Universitário (CONSUN) e a comunidade universitária e que o próximo vestibular da UFRGS deverá ser mais estimulante para os estudantes afro-descendentes e egressos de escolas públicas. O programa será aplicado já no Vestibular 2008.


 



Fonte: Afropres