Guerrilheiros reafirmam importância da luta revolucionária
Na quarta (27), ao final da apresentação do documentário ''Hércules 56'', o diretor do filme, Silvio Da-Rin e os militantes políticos Manoel Cyrillo e Alípio Freire enfrentaram a platéia num debate que aprofundou alguns questionamentos levantados pelo
Publicado 28/06/2007 16:44 | Editado 04/03/2020 17:19
Para o Silvio Da-Rin, a história forma um manancial extraordinário para o cinema, especialmente o cinema documentário. Ele considera que no caso da história recente do Brasil, é importante obter depoimentos dos personagens que ainda estão vivos, resgatar sua memória, para, com esse material, construir narrativas que tenham preocupação com a contemporaneidade. ''Esse olhar sobre o passado não deve ser puramente nostálgico, preocupado exclusivamente em rememorar fatos e detalhes, deve procurar compreender o vetor da história, o sentido daqueles tempos e de algum modo atualizar essas questões.'' O diretor aponta que questões estruturais que estavam postas no Brasil dos anos 60 continuam colocadas como desafios para a sociedade brasileira contemporânea. Para Silvio, ''compreender como essas questões eram vistas e equacionadas no passado pode ser importante para um pensamento sobre o futuro imediato do Brasil''.
Questionado sobre a possibilidade de se estabelecer um paralelo entre a luta armada naquele período e as lutas que o povo tem que desenvolver atualmente, Manoel Cyrillo afirma que a luta armada não foi uma opção. ''Não houve uma opção teórica pela luta armada. A arma se impôs. Ela foi se impondo e prevalecendo como a única possibilidade, como o meio possível para o povo lutar por suas reivindicações''. Cyrillo afirma a importância da análise do momento histórico, ''isso aconteceu naquele momento. Não tem o menor sentido tentar trazer aquela forma de luta para hoje, quando existem infinitas possibilidades de expressão política, de cunho popular, progressista. Em todos os momentos históricos a luta política é fundamental''. Ele valoriza os movimentos sociais que continuam fazendo política. ''É uma massa incrível fazendo política. Política é fundamental. Hoje, esses setores conseguem fazer política sem necessidade da arma'', diz Cyrillo.
Alípio Freire era jornalista profissional quando entrou para a luta armada. Ele recorda que à época todos estavam engajados num projeto político e que conseguiu manter uma vida legal até a véspera de ser preso. Alípio era redator numa editora de revistas, tinha militância e participava de ações armadas. Ele estabelece um paralelo entre a profissão e a luta revolucionária, ''eu acho que todo cidadão tem que conhecer a história da sua profissão, usar a sua profissão e ser um bom profissional. Ser respeitado, uma referência na sua categoria. Não por ambições pessoais, mas porque todo comunista, todo revolucionário, tem que ser uma pessoa respeitada e dominar bem sua profissão. Ele se engaja em projetos políticos como qualquer outro cidadão. Eu acho que a gente conseguiu fazer alguma coisa, e foi bom. Eu faria tudo de novo.''
Hércules 56 é um documentário sobre a luta armada contra o regime militar. Traz depoimentos com remanescentes do grupo libertado e com militantes que participaram do seqüestro, que lembram os objetivos da ação e debatem a luta armada no Brasil. Também traz um extenso material de época – com imagens da chegada a Cuba (destino final dos libertados) e diversos depoimentos, como o do dirigente comunista Gregório Bezerra.
O Cine Paradiso fica na rua Barão de Jaguará, 936 – lj. 09 (Galeria Barão Velha Centro-Campinas-SP)
''Hércules 56'' fica em cartaz até 06/07 (confira os horários das sessões pelo fone: 19-3234.4741, ou na site www.cineparadiso.com.br
Confira o trailer do filme em:
http://www.estadao.com.br/ext/especial/extraonline/video/hercules/01/index.htm
De Campinas,
Agildo Nogueira Jr.