Sindicato condena preconceito sobre sexualidade de jogadores

A discussão recente gerada pela declaração do dirigente do Palmeiras, José Cyrillo Júnior, de que em seu clube não teria nenhum homossexual no elenco – como resposta a notícia publicada pela Folha Online de que um jogador da cidade de São Paulo e

''É lamentável, deplorável e injustificável que, com todo o desenvolvimento da sociedade, os órgãos de imprensa, público, torcedores e dirigentes tratem a questão do homossexualismo com base em chacotas e deboche'', escreveu o sindicato.


 


''Nosso país é livre, sendo que o respeito à individualidade e opção sexual de cada um são uma garantia constitucional, assim como a liberdade de expressão o é para os meios de imprensa. Apoiamos todo atleta, independente de sua cor, raça, religião ou opção sexual, pois se trata de um assunto de sua esfera particular.''


 


''Acreditamos que o fato de o atleta ter uma opção sexual diferente da maioria, em nenhum aspecto, interfere no desempenho de suas atividades, ao que, consideremos fora de propósito qualquer ilação acerca da discussão sobre a sexualidade dos atletas'', explicou o sindicato.


 


Notícia


 


O assunto passou a ser discutido com ênfase depois que a Folha Online publicou uma notícia dizendo que um jogador de um grande clube da cidade de São Paulo se preparava para assumir sua homossexualidade em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo.


 


Dias mais tarde, foi a vez de um dirigente do Palmeiras cometer um erro. Em entrevista ao programa Debate Bola, da TV Record, José Cyrillo Júnior mencionou o nome de um jogador do São Paulo, ao responder que seu clube não teria nenhum homossexual no elenco.


 


Por conta de todo esse debate, o sindicato ainda se colocou à disposição dos atletas, caso se sintam prejudicados com a veiculação de matérias desse tipo.


 


''Estamos nos colocando à disposição para quaisquer medidas individuais -quando solicitadas pelos prejudicados-, assim como não mediremos esforços para a propositura das medidas judiciais na esfera coletiva, quando entendermos pelo seu cabimento.'' 
 


 


São Paulo cobra provas


 


Nesta quarta-feira (27), o diretor jurídico do São Paulo, Kalil Rocha Abadalla, manifestou-se sobre o caso e disse que o clube, a princípio, não irá acionar a Justiça, mas aproveitou para cutucar o Palmeiras.


 


“Acho que isso é uma represália do Palmeiras para desviar a atenção e fugir da responsabilidade de sábado [dia do clássico contra o Corinthians], pois eles são incompetentes. Já tivemos dois problemas com eles e ganhamos nas duas vezes”, comentou Abdalla, referindo-se à suspensão dada a Edmundo depois de acusação formal do São Paulo e ao contra-ataque frustrado do rival.


 


Sobre o posicionamento do departamento jurídico do clube tricolor, Abdalla afirmou que irá orientar o atleta citado por Cyrillo Júnior caso ele queira cobrar o dirigente na Justiça. Do contrário, o São Paulo não deverá buscar os tribunais.


 


“Isso não é problema do São Paulo, quem deve tomar uma providência é o jogador. Se o Cyrillo falou aquilo, ele deve ter provas suficientes. Só ele poderá dizer o que sabe para fazer uma afirmativa dessas”, disse Abdalla, que declarou não ter sido procurado pelo atleta até a tarde desta quarta-feira.  
 


Vôlei já teve gay assumido


 


O tema homossexualidade já foi abordado em outras modalidades. O caso mais famoso é o do jogador de vôlei Lilico, primeiro atleta de alto rendimento do Brasil a assumir publicamente que era gay.


 


Lilico revelou sua orientação sexual em 1999, no auge da carreira. O atleta, campeão mundial juvenil em 1995, pleiteava uma chance na seleção brasileira principal, mas nunca foi convocado. Na época, ele chegou a afirmar o técnico da seleção, Radamés Lattari, só o não convocou para disputar os Jogos Olímpicos de Sydney-2000 por causa de sua orientação sexual.


 


O ponteiro, que chegou a posar nu para uma revista voltada ao público gay, atuou até a temporada de 2004/2005. Em 2002, jogou pelo Palmeiras, time do dirigente José Cyrillo Júnior, que provocou polêmica ao falar que um jogador do São Paulo seria gay. No começo de 2007, aos 30 anos, Lilico em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC), faleceu no dia 13 de junho deste ano.


 


Veja íntegra da nota do Sindicato.


 


O Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo vem a público manifestar-se acerca do episódio, suposto caso de homossexualidade entre atletas de futebol.


 


1. É lamentável, deplorável e injustificável que com todo o desenvolvimento da sociedade os órgãos de imprensa, público, torcedores e dirigentes tratem a questão do homossexualismo com base em chacotas e deboche;


 


2. Nosso país é livre, sendo que o respeito à individualidade e opção sexual de cada um, é uma garantia constitucional, assim como a liberdade de expressão o é para os meios de imprensa;


 


3. Apoiamos todo o atleta, independente de sua cor, raça, religião ou opção sexual, haja vista, ser um assunto de sua extrita esfera particular;


 


4. Acreditamos que o fato de o atleta ter uma opção sexual diferente da maioria, em nenhum aspecto interfere no desempenho de suas atividades, ao que, consideremos fora de propósito qualquer ilação acerca da discussão sobre a sexualidade dos atletas;


 


5. Entendemos por descabida qualquer apologia às questões sexuais seja de heteros ou homossexuais, mas não concordamos com nenhum tipo de preconceito ou discriminação.


 


6. Trabalhamos essencialmente por um mundo em que as diferenças sejam minimizadas nas relações de trabalho, não poderiamos agir diferentemente em nenhuma outra circunstância.


 


7 . O Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo encontra-se a disposição de todo atleta que se considere prejudicado nos aspectos das matérias trazidas, colocando-nos a disposição para quaisquer medidas individuais – quando solicitadas pelos prejudicados -, assim como não mediremos esforços para a propositura das medidas judiciais na esfera coletiva, quando entendermos pelo seu cabimento.


 


Atenciosamente,


 


Rinaldo José Martorelli
Presidente
sapesp@sapesp.com.br