Economistas destacam papel do comércio na união africana
Enquanto o debate sobre a instituição dos Estados Unidos de África atinge o auge nas vésperas da Cúpula da União Africana (UA), economistas consideraram que o comércio poderá ser o fator unificador do continente. Os especialistas preconizam uma campanha p
Publicado 26/06/2007 15:06
Por enquanto, sublinham, as trocas entre os países africanos representam apenas 11% do seu comércio externo, a taxa mais baixa de todas as regiões do mundo.
O diretor do Programa da Rede do Terceiro Mundo, Tetteh Hormeku, declarou em Accra, capital de Gana, que mesmo com a instauração do governo da União Africana, a dependência às mesmas velhas políticas comerciais mais orientadas para o Ocidente e a China como porta de salvação seria catastrófica para o continente.
Falando durante um fórum organizado pelo Apelo Mundial para a Ação Contra a Pobreza (GCAAP), uma aliança de ONGs, sindicatos, organizações femininas e jovens do mundo inteiro, Hormeku indicou que as opções de política comercial dos governos africanos deviam mudar para refletir a realidade da situação do continente.
Os participantes no fórum sublinharam que os acordos comerciais regionais tinham uma influência limitada para ajudar o continente a aumentar o comércio, o investimento estrangeiro direto e atingir uma convergência entre os seus países.
Apesar dos seus limites, as organizações regionais podem ser instrumentos importantes para ajudar os países membros a integrar-se no mercado mundial.
Os participantes disseram que o debate sobre a criação dum governo continental era positivo, indicando, contudo, que uma integração regional insuficiente no continente podia minimizar o seu papel na facilitação das trocas entre os países.
Por seu turno, a diretora do Programa Panafricano da Agência para a Cooperação e Pesquisa em Desenvolvimento, Valérie Gnide Traoré, declarou que o processo de integração regional na África ainda não está terminado.
“Os objetivos da livre circulação de pessoas, bens e serviços nas fronteiras das regiões ainda não são operacionais tantos anos depois de este acordo ter sido ratificado”, disse.
Afirmou que, apesar de as organizações regionais terem objetivos honrosos como a reativação do comércio, o reforço da integração e do crescimento econômico entre os países membros, estas não conseguiram infelizmente ter um impacto mesmo mínimo.
Traoré avisou que se os países aceitarem harmonizar as suas políticas e negociar conjuntamente enquanto bloco africano, ao invés de entre países individuais, a marginalização atual de África no comércio mundial vai continuar.
“A ideia de um governo da União Africana é bonita, mas o que isto significa se nos basearmos na nossa integração regional é um outro problema”, sustentou a diretora do Programa Panafricano da Agência para a Cooperação e Pesquisa em Desenvolvimento.