Café tem centro de excelência em MG
O lançamento do Centro de Excelência do Café marcou ontem a abertura da 10ª Expocafé, em Três Pontas, no Sul de Minas. Um termo de outorga, assinado pelo governador Aécio Neves e pelo reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Antônio Nazareno Me
Publicado 21/06/2007 11:20 | Editado 04/03/2020 16:52
Dentro de um ano, o governo do Estado deverá repassar, através de editais, mais R$ 2 milhões para pesquisa no setor. Coordenado pela Ufla, além de aglutinar o conjunto de instituições que desenvolvem trabalhos em nível regional, no país e no exterior, formando uma grande rede de conhecimento, o polo de excelência tem como objetivo reunir as principais cooperativas de produtores, visando à formação, no futuro, de uma trading.
“A meta é dar condições para que os próprios produtores comercializem diretamente os seus produtos no mercado exterior, saltando uma etapa e, na verdade, agregando uma parcela do valor que se perde no momento em que esse produto é vendido a intermediários”, afirmou Aécio Neves.
Pauta de exportações
O café é o segundo produto na pauta de exportações do Estado, atrás apenas do minério. Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, com mais de 50% da produção nacional. O Brasil, por sua vez, é o maior produtor mundial, com cerca de 43 milhões de sacas (mais de 30% da produção mundial). O produto é plantado em 80 mil propriedades rurais de 682 municípios do país, gerando 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos.
A safra brasileira em 2007/2008, de acordo com projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve ser de 32,065 milhões de sacas, das quais 70% de café arábuca e 30% de café do tipo robusta. A receita cambial do setor deve fechar o ano na marca de R$ 3,3 bilhões. O café, entretanto, movimenta US$ 60 bilhões por ano no mundo, e, apesar de ser o maior produtor, o Brasil só participa com 10% desse volume de negócios.
Qualificação deve atrair novas empresas
Além do aumento de divisas, o polo do café a ser criado em Três Pontas deverá gerar empregos mais qualificados e bem remunerados, com a formação de recursos humanos e especializados. O ambiente caracterizado pela concentração de mão-de-obra qualificada e laboratórios bem equipados, conforme expectativa do governo estadual, deverá atrair empresas geradoras de insumos, equipamentos e serviços sofisticados. Nos quatro primeiros meses do ano, o volume de exportação de café subiu 23% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A receita cresceu ainda mais, 35%, fruto do aumento de 9% do preço da commodity no início de 2007. Mesmo assim, explica o economista e agrônomo da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Rodrigo Pontes, os produtores não conseguem auferir lucros. “Numa visão macro, a noção é de que a cafeicultura está bem. Mas, quando se desce na estrutura da cadeia, o produtor não tem recebido o suficiente para manter o negócio. O lucro está concentrado em poucas empresas”.
Daí a importância da maior qualificação. Até amanhã, cerca de 34 mil pessoas deverão visitar a Fazenda da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Três Pontas, na 10ª edição da Expocafé. Única feira do agronegócio do café no calendário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a exposição, segundo os organizadores, deve gerar um volume de negócios em torno de R$ 50 milhões.
Transações
As rodadas de negócios, promovidas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), deverão facilitar as transações. Em parceria com a Associação Comercial e Agroindustrial de Três Pontas e 200 cooperativas de produtores do Sul de Minas, o processo foi montado a partir da identificação das demandas por produtos e serviços dos cooperados.
“Buscamos, no mercado, os possíveis fornecedores e montamos uma central de compras”, revelou Juliano Cornélio, gestor do Sebrae na microrregião de Varginha. Além de pesquisas sobre melhores técnicas de plantio e manejo – e novidades para secagem do café e melhoria do solo –, produtores, técnicos e estudantes poderão conferir o que há de mais recente no setor em relação a insumos e equipamentos.
Fonte: Jornal O Tempo