De Itamar Franco a Jackson Lago, políticos apóiam MST
O penúltimo dia do 5º Congresso do MST, que até então se centrou em debates internos sobre os rumos e as perspectivas de luta pela reforma agrária, recebeu nesta quinta (14) cerca de 25 parlamentares, entre deputados, senadores e vereadores, além de
Publicado 15/06/2007 22:21
A iniciativa de trazer políticos de vários partidos ao encontro do MST evidenciou uma nova estratégia do movimento de investir em aliados e cobrar programas para assentamentos e assentados em esferas para além do governo federal, responsável pela implementação da reforma agrária.
Segundo Jaime Amorim, dirigente nacional do MST em Pernambuco, o objetivo do movimento é buscar apoio tanto no legislativo quanto nos estados, no primeiro caso para ter um contraponto à ofensiva da bancada ruralista e, no segundo, para ampliar parcerias em setores como educação, assistência técnica, infra-estrutura nos assentamentos etc.
Antes de abrir espaço para as falas dos convidados, Amorim retomou a carta com as reivindicações do MST ao governo, entregue à Presidência em abril como síntese das demandas da Jornada Nacional pela Reforma Agrária – como a atualização do Plano Nacional de Reforma Agrária, priorização de programas regionais de assentamentos próximos aos mercados consumidores, desapropriação de terras de empresas estrangeira ilegalmente instaladas em áreas de fronteira, desapropriação de áreas com trabalho escravo, a atualização dos índices de produtividade e a destinação de fazendas hipotecadas nos bancos públicos à reforma agrária, entre outros.
Em seguida, o dirigente do MST fez a leitura de uma mensagem do ex-presidente Itamar Franco, que afirmou seu “afeto, respeito e admiração pela mais legítima, autônoma e democrática organização de trabalhadores do país”. Na mensagem, Itamar também se coloca como irrestritamente compromissado com a reforma agrária, reafirmando seu orgulho de ter sido o primeiro presidente da República a ter recebido o MST no Palácio do Planalto.
Pelos deputados, Dr .Rosinha (PT-PR), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Terra, reafirmou o compromisso do grupo em defender a reforma agrária contra os interesses do agronegócio. “Vocês têm aliados”, disse o deputado, acrescentando que entre eles estaria o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) também reafirmou seu compromisso com o movimento, mas aproveitou para fazer uma forte defesa do governo Lula, instando o MST a tratá-lo como aliado. “Talvez pudéssemos fazer mais, mas se [o MST] não der sustentação a esse projeto [do governo], os que querem derrubar Lula vão se fortalecer”.
Nessa direção, o governador do Maranhão, Jackson Lago, pediu o apoio do movimento contra o que chamou de oligarquia opressora, que por 40 anos domina a política, o sistema produtivo e os meios de comunicação do Estado – uma alusão direta a seu maior desafeto político, José Sarney –, e que seria responsável pelas acusações de envolvimento com o caso Gautama.
No encerramento do ato, o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, cobrou de todos uma posição de comprometimento, que teria sido afirmada naquele momento. No final, como simbologia deste acordo, todos os políticos receberam e colocaram o boné do movimento.