Comissão debate implantação de banco de células-tronco no Ceará
O deputado Carlomano Marques (PMDB) informou, nesta quinta-feira (14/06), que vai encaminhar a especialistas a minuta do projeto de criação de um banco e de um centro de transplantes de células-tronco no Estado, para que seja discutido amplamente e coleta
Publicado 15/06/2007 09:37 | Editado 04/03/2020 16:37
A criação de um banco de células-tronco foi tema de audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Saúde da Assembléia Legislativa, que reuniu profissionais de várias áreas. Carlomano Marques destacou a necessidade de ouvir especialistas para discutir a importância, o custo-benefício e a viabilidade do projeto e avaliar e se ele seria uma prioridade para o Ceará. Ele enfatizou que o Ceará tem boas condições econômicas e pode implantar o projeto.
O deputado Heitor Férrer (PDT) lembrou que já há bancos de sangue umbilical e placentário particulares em Fortaleza e ressaltou que é fundamental criar um banco público, para garantir o acesso de todas as pessoas. O deputado Roberto Cláudio (PHS) elogiou o projeto e destacou que é preciso ampliar o debate e analisar, além da prioridade e viabilidade, as condições técnicas para o projeto. “Será que não seria mais importante investir antes em conhecimentos científicos?”, questionou.
O médico Gustavo Eulálio, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirmou que o banco de células-tronco é viável, mas deve ser acompanhado da implantação de uma unidade de transplantes. Ele lembrou que o Ceará é um dos estados que manda mais pacientes para cirurgias especializadas em São Paulo e disse que a criação de uma infraestrutura para cirurgias reduziria os custos com transporte. O médico ressaltou ainda que o projeto ajudaria a descentralizar a tecnologia.
O professor Krishnamurti Carvalho, do Laboratório de Genética Molecular da Universidade Estadual do Ceará (Uece), afirmou que “garantir disponibilidade de células-tronco é prioridade nacional” e lembrou que “esta técnica tem um potencial fantástico e deve ser ampliado o seu acesso à população”. Ele citou dados sobre a demanda de transplantes e disse que o armazenamento de células-tronco e sua utilização pode gerar uma economia de R$ 7,5 milhões por ano.
O professor Luiz Porto, da Faculdade de Medicina da UFC, também defendeu o projeto. “O Estado deve viabilizar o acesso democrático da população a essa tecnologia”, disse . Ele falou que as pesquisas com células-tronco acenam para a cura do câncer e outras doenças, como leucemia e o mal de Alzheimer e enfatizou que “não há como parar as pesquisas nesta área”.
O diretor do Fujisan, Guilherme Fujita, destacou o alcance social do projeto e também ressaltou que é preciso não apenas estocar células-tronco, mas também criar mecanismos para a realização de transplantes no Estado. A diretora do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Vânia Barreto, também defendeu a criação de um banco de células-tronco público.
Outros especialistas destacaram a importância da entrada do Ceará na Rede Internacional de Transplantes. O biólogo Wladmir Ribeiro, da Faculdade de Medicina da UFC, falou sobre as experiências de uso de células-tronco em Salvador, onde foram constatadas melhoras significativas de pacientes com várias doenças, inclusive diabetes.